O Ministério do Interior (Administração Interna) espanhol informou que a polícia também apreendeu cartazes e documentos que iam ser utilizados nas assembleias de voto num armazém situado numa povoação dos arredores da capital da Comunidade Autónoma da Catalunha.
A operação fez parte de uma outra mais ampla, levada a cabo esta manhã, quando a polícia revistou uma série de edifícios do Governo regional e deteve 14 pessoas alegadamente envolvidas na preparação do referendo marcado contra a vontade de Madrid.
A Catalunha tem 7,5 milhões de habitantes, cerca de 5,5 dos quais podem exercer o direito de voto.
O presidente do executivo regional (Generalitat), Carles Puigdemont, já acusou Madrid de atuar com uma "atitude totalitária" e assegurou que irá manter os preparativos do referendo de autodeterminação.
Por seu lado, o chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy, justificou a ação da polícia com a aplicação das leis e o Estado de direito.
Mariano Rajoy insistiu que a operação foi decidida pelo poder judicial para garantir o cumprimento da lei, tendo apelado ao respeito pelo Estado de direito.
Os acontecimentos desta manhã em Barcelona são o último episódio da tensão crescente entre Madrid e os separatistas da Catalunha.
Depois de os órgãos de comunicação social noticiarem as buscas e detenções, várias centenas de pessoas juntaram-se e manifestaram a sua oposição à atuação da polícia.
Mariano Rajoy reuniu-se separadamente ao final da manhã com os líderes do PSOE (socialistas) e dos Cidadãos (liberais), partidos que estão contra o movimento separatista e apoiam, em termos gerais, a posição do Governo central, para os informar da evolução da situação.
O Tribunal Constitucional espanhol suspendeu no início do mês, como medida cautelar, todas as leis regionais aprovadas pelo Parlamento e pelo Governo da Catalunha que davam cobertura legal ao referendo de autodeterminação convocado para 1 de outubro próximo.
Os partidos separatistas têm uma maioria de deputados no parlamento regional da Catalunha desde setembro de 2015, o que lhes deu a força necessária, em 2016, para declararem que iriam organizar este ano um referendo sobre a independência, mesmo sem o acordo de Madrid.
Os independentistas defendem que cabe apenas aos catalães a decisão sobre a permanência da região em Espanha, enquanto Madrid se apoia na Constituição do país para insistir que a decisão sobre uma eventual divisão do país tem de ser tomada pela totalidade dos espanhóis.
O conflito entre Madrid e a região mais rica de Espanha, com um PIB superior ao de Portugal, cerca de 7,5 milhões de habitantes, um terço da área de Portugal, uma língua e culturas próprias, arrasta-se há várias décadas.
Lusa