Os militares assinalaram num comunicado publicado na noite de domingo nas redes sociais que descobriram uma vala comum com os cadáveres de 28 pessoas, incluindo mulheres e crianças, no estado de Rakhine.
As autoridades atribuíram a matança ao Exército de Salvação Rohingya de Arakan (ARSA), que a 25 de agosto atacou cerca de 30 postos da polícia e desencadeou uma severa resposta das Forças Armadas da Birmânia.
O exército birmanês está a efetuar várias operações na região e impede o acesso aos meios de comunicação e organizações internacionais.
Desde o início dos confrontos que o ARSA e as Forças Armadas trocam acusações sobre violações dos direitos humanos, que não puderam ser verificadas independentemente.
Mais de 430 mil rohingyas fugiram do norte de Rakhine para o Bangladesh desde o ataque rebelde e respetiva resposta militar, esta última classificada pelo Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos como uma "limpeza étnica".
Muitos dos refugiados no Bangladesh denunciaram que sofreram ou presenciaram ataques e violações por parte das forças de segurança birmanesas, que também acusam de queimar as suas casas.
Cerca de 30 mil hindus e budistas foram alojados em acampamentos para deslocados internos, estabelecidos pelo Governo. Estes últimos também asseguraram terem presenciado assassínios e forçados a abandonar as suas casas, alegadamente por membros do ARSA.
Mais de um milhão de rohingyas viviam em Rakhine antes do surto de violência de 2012, segregados pelo Estado, segundo a organização não-governamental de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional, sem direito a cidadania e com severas barreiras no acesso à saúde e outros serviços básicos.
Depois de quase meio século de ditadura militar, a Birmânia é dirigida, desde 2016, por um Governo civil liderado pela Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, cuja fama de heroína da democracia conquistada na época das juntas militares ficou fortemente danificada devido à crise dos rohingya.
Lusa