"Chegaram numa dúzia de camiões para avançar sobre Afrine. Mas, depois de um bombardeamento com fogo de artilharia, deram a volta e foram embora. O assunto está fechado", disse o chefe de Estado turco, numa conferência de imprensa em Ancara transmitida em direto pelo canal local NTV.
Desde dia 20 de janeiro, a Turquia e fações opositoras sírias pró-Ancara levam a cabo uma ofensiva terrestre e aérea em Afrine (província síria de Alepo), zona controlada pela principal milícia curda na Síria, as Unidades de Proteção Popular (YPG).
Ancara acusa o YPG de ser o ramo sírio do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que é considerado uma organização terrorista pela Turquia, e deseja expulsar a milícia curda desta região.
Erdogan repetiu uma informação que tinha sido avançada pouco antes pela agência noticiosa semipública turca Anadolu.
A agência noticiou a retirada dos combatentes pró-regime de Damasco por causa de um "bombardeamento de advertência" da artilharia turca, quando faltavam cerca de 10 quilómetros para alcançar a cidade de Afrine.
A entrada das tropas aliadas do regime sírio de Bashar al-Assad em Afrine foi esta terça-feira confirmada por várias fontes, desde o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) à própria milícia YPG, que domina o enclave curdo.
"Ontem falei com (o Presidente russo, Vladimir) Putin e (o Presidente iraniano, Hassan) Rohani, e temos acordos sobre isto. Mas, infelizmente, há quem dê passos errados nas decisões sobre este tipo de organizações terroristas e isso não pode ser permitido", concluiu Erdogan.
A Turquia advertiu Damasco na segunda-feira, através do ministro dos Negócios Estrangeiros (Mevlut Cavusoglu), face uma eventual intervenção das forças pró-governamentais para apoiar o YPG, afirmando que tal ação não iria impedir Ancara de prosseguir com a ofensiva em Afrine.
Em 2012, após a retirada das forças pró-regime sírio, Afrine tornou-se na primeira zona curda na Síria livre do controlo do poder central.
Desencadeado em março de 2011 pela violenta repressão do regime de Bashar al-Assad de manifestações pacíficas, o conflito na Síria ganhou ao longo dos anos uma enorme complexidade, com o envolvimento de países estrangeiros e de grupos 'jihadistas'.
Num território bastante fragmentado, o conflito civil na Síria provocou, desde 2011, mais de 350.000 mortos, incluindo mais de 100 mil civis, e milhões de deslocados e refugiados.
Lusa