A ONU e organizações de defesa dos direitos humanos têm denunciado repetidamente os crimes cometidos pelo exército birmanês na ofensiva que iniciou no norte de Rakhine, em resposta ao assalto armado de um grupo rohingya rebelde a 25 de agosto.
O assistente do secretário-geral da ONU para os Direitos Humanos, Andrew Gilmour, sustentou que apesar de o grau de violência ter sofrido uma redução, as forças de segurança birmanesas continuam a cometer assassínios, violações, torturas, sequestros e a negar alimentos a elementos daquela etnia.
"Parece que a violência generalizada e sistemática contra os rohingya persiste", disse Gilmour num comunicado emitido após a sua visita aos campos de refugiados no Bangladesh."A natureza da violência mudou para uma campanha de terror de baixa intensidade e fome forçada que parece ter sido elaborada para empurrar os rohingya que ainda estão em suas casas em direção ao Bangladesh", acrescentou.
O responsável recriminou ao Governo birmanês que diga estar preparado para o regresso dos refugiados quando a violência persiste, frisando que, nas atuais condições, "o retorno seguro, digno e sustentável é impossível". Por outro lado, elogiou a resposta humanitária do Bangladesh - um país pobre - e de organismos internacionais em relação aos rohingya, embora alertando para os "devastadores efeitos" que o início da estação das chuvas trará para os campos de refugiados.
O Bangladesh e Myanmar assinaram um acordo para começar a repatriar os refugiados em finais de janeiro deste ano, mas Dacca suspendeu-o à última hora. O exército birmanês negou os abusos, depois de no passado mês de janeiro ter admitido um caso de assassínios extrajudiciais de rohingya que foram enterrados numa vala comum, em setembro de 2017.
Myanmar não reconhece a cidadania aos rohingya, que considera imigrantes bengalis, e submete-os desde há décadas a todo o tipo de discriminações, incluindo restrições à liberdade de movimentos e ao acesso ao mercado de trabalho.
Lusa