O documento, cujos contornos exatos ainda não são conhecidos, coloca a linha de fronteira na posição defendida por Timor-Leste, ou seja, equidistante dos dois países, como Díli sempre reivindicou.
Uma linha que a administração colonial portuguesa, os ocupantes indonésios e os dirigentes timorenses desde sempre defenderam que deveria ser colocada onde agora vai ficar e que formaliza a posse de recursos que, até aqui, Timor-Leste teve que dividir com Camberra.
O significado histórico do momento fecha um ciclo com várias décadas de polémicas, protestos e intensas negociações para definir uma linha cuja indefinição custou a Timor-Leste cinco mil milhões de dólares, segundo estima a organização não-governamental timorense La'o Hamutuk.
E que tingiu da pior maneira a relação de sucessivos Governos australianos com o povo timorense e, desde a restauração da independência, acabou por marcar negativamente a relação entre os dois Estados. Se Timor-Leste foi, durante mais de duas décadas, a "pedra no sapato" da Indonésia, como a definiu o ex-ministro indonésio Ali Alatas, o mar de Timor foi um caro pedregulho na relação com a Austrália.
'No Blood For Oil', um dos 'slogans' que nos anos 1990 marcou parte da campanha da ala externa da luta contra a ocupação indonésia em Timor-Leste, tornou-se um símbolo do que para muitos foi uma das motivações do reconhecimento australiano da ocupação e anexação do território pela Indonésia.
Lusa