Desde sexta-feira, o primeiro dia de protestos junto à fronteira convocados pelo movimento radical Hamas e que devem durar mais de seis semanas, 18 palestinianos foram mortos por fogo israelita.
Além dos 18 mortos, mais de 1.400 palestinianos ficaram feridos, 757 com tiros de balas reais, segundo o Ministério da Saúde em Gaza.
Alguns dias antes do início dos protestos, o chefe do Estado-Maior israelita, Gadi Eisenkot, tinha advertido que os soldados disparariam se os palestinianos se aproximassem de modo ameaçador da barreira de segurança que separa a faixa Gaza do território israelita.
"Em caso de perigo mortal (contra os soldados na fronteira), temos autorização para disparar. Não permitimos a infiltração em massa em Israel, nem que se danifique a barreira e muito menos que se alcancem as comunidades" israelitas perto da fronteira com Gaza, disse Eisenkot, adiantando: "A ordem é usar a força amplamente".
Hoje, Liberman insistiu que os palestinianos que se aproximarem da fronteira com Israel poem em risco as suas vidas.
A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch disse hoje que Israel não apresentou provas de que o arremesso de pedras ou outras formas de violência tenham ameaçado seriamente os soldados e acusou Lieberman e outros altos responsáveis israelitas de apelarem ilegitimamente ao uso de fogo real contra os manifestantes palestinianos.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, e a alta-representante da diplomacia europeia, Federica Mogherini, já exigiram um "inquérito independente" à utilização por Israel de balas reais, um pedido rapidamente rejeitado pelo Estado hebreu.
Os protestos, designados "marcha do retorno", visam exigir o "direito ao retorno" dos palestinianos, dos quais centenas de milhares foram expulsos das suas terras durante a guerra que se seguiu à criação de Israel, em 1948.
O fim dos protestos está marcado para 15 de maio, o aniversário da criação de Israel, designado pelos palestinianos como 'Nakba' (catástrofe).
Lusa