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Jornalista entre mais 20 mortos nos piores protestos da década na Nicarágua

Mais de duas de dezenas de pessoas, entre as quais um jornalista, já morreram durante os protestos na Nicarágua contra a reforma da segurança social do Governo de Daniel Ortega.

Jornalista entre mais 20 mortos nos piores protestos da década na Nicarágua
Alfredo Zuniga

Segundo a agência de notícias Associated Press (AP), o jornalista Angel Gahona estaria a fazer uma reportagem em direto via Facebook sobre os protestos que assolam a Nicarágua quando foi mortalmente atingido.

Além de Gahona, pelo menos 25 outras pessoas foram mortas desde quarta-feira durante os protestos, segundo um grupo de direitos humanos da Nicarágua.

Entretanto, este sábado o Presidente nicaraguense, Daniel Ortega, rompeu o silêncio que tinha mantido desde o início das manifestações para assegurar que o seu Governo está aberto ao diálogo sobre a reforma.

"O Governo está totalmente de acordo em retomar o diálogo pela paz, pela estabilidade, pelo trabalho, para que o nosso país não enfrente o terror que estamos a viver neste momento", afirmou na televisão nacional, sem avançar uma data para o início do diálogo.

Afirmou ainda que as manifestações foram apoiadas por grupos políticos que se opõe ao seu Executivo e financiados por organizações extremistas dos Estados Unidos, sem adiantar ou identificar os movimentos.

O seu objetivo, prosseguiu Daniel Ortega, é "semear o terror, semear a insegurança", "destruir a imagem da Nicarágua" depois de "onze anos de paz".

Após o seu discurso, centenas de jovens envolveram-se novamente em confrontos violentos com a polícia na capital.

Ortega não aparecia em público desde que tiveram início os protestos, que fizeram mais de 10 mortos, segundo o Governo.

Uma centena de pessoas ficaram feridas durante as manifestações, as mais violentas depois da chegada ao poder de Daniel Ortega, há 11 anos.

Os protestos endureceram na passada sexta-feira, o terceiro dia de manifestação, com confrontos com a polícia e danos em edifícios governamentais em Manágua e outras cidades em todo o país.

Quatro canais de televisão independentes foram impedidos pelo Executivo, na quinta-feira, de fazer a cobertura das manifestações.

As manifestações tiveram início na passada quarta-feira, na capital do país, Manágua, e em León, alargando-se a outras zonas do país.