Advogados e técnicos de saúde que visitaram os "abrigos de 1ª infância" de Rio Grande Valley descreveram à AP salas cheias de crianças com idade pré-escolar a chorar. Confirmaram que as instalações são limpas e seguras mas as crianças - que não têm ideia onde estão os pais - estavam histéricas, a gritar e a chorar.
Há projetos para abrir um quarto abrigo em Houston para recolher mais umas centenas de crianças imigrantes, denunciaram governantes locais.
Desde que a administração Trump anunciou em maio a política de tolerância zero para a imigração ilegal, mais de 2300 crianças foram retiradas aos seus pais na fronteira entre os EUA e o México, crianças que assim têm de ficar à guarda das autoridades norte-americanas.
A agências já tinha noticiado a 17 de junho que centenas de crianças, filhas de imigrantes das Honduras, El Salvador, Guatemala e México, estão separadas dos pais em celas nas instalações da guarda de controlo de fronteira no sul do Texas.
"Estão a prender crianças"
Décadas depois de os EUA terem decidido acabar com orfanatos, pelo receio de inflingir traumas nas crianças, a administração Trump está agora a constituir novas instituições do mesmo género para albergar crianças da América Central separadas dos pais.
"Que ideia é essa de colocarem crianças tão pequeninas numa instituição? Custa-me só de pensar nisso", desabafou o vice-presidente do Serviço Luternao para Imigração e Refugiados (LIRS), Kay Bellor, que tem fornecido apoio às crianças migrantes. "Estão a prender crianças", acusou.
Os três abrigos no Texas - em Combes, Raymondville e Brownsville - ficaram rapidamente cheios com crianças com menos 5 anos de idade. O quarto abrigo planeado para Houston albergará até 240 crianças. Vai ser num armazém que abrigou pessoas durante a passagem do furacão Harvey, no verão passado.
Mais de 2300 crianças e jovens separados dos pais
De acordo com números oficiais divulgados segunda-feira pela administração Trump, e que demonstram uma aceleração desta prática, mais de 2300 crianças e jovens migrantes menores foram separados das suas famílias na fronteira com o México em apenas cinco semanas, na sequência da aplicação pelo Governo norte-americano da política de "tolerância zero" e que implica tratar como criminosos os indocumentados que entram no país.
A indignação nos Estados Unidos é cada vez maior depois de terem sido divulgadas imagens dos menores imigrantes colocados em armazéns e, nalguns casos, repartidos por celas.
Apesar dos protestos generalizados, Trump tem reafirmado que não permitirá que os EUA se tornem num "campo para migrantes" e associa a imigração à criminalidade.
A ONU denunciou a medida como uma política "inadmissível" e "cruel".
Considerando que o Conselho dos Direitos Humanos da ONU "não faz jus ao seu nome", a embaixadora norte-americana na ONU, Nikki Haley, disse esta terça-feira que os EUA vão abandonar o organismo.
