Na sua primeira intervenção perante o Conselho de Direitos Humanos, Bachelet, que assumiu o cargo a 01 de setembro, "saudou os esforços dos estados para criar um mecanismo internacional independente para a Myanmar (antiga Birmânia), destinado a recolher, consolidar, preservar e analisar as provas dos mais graves crimes internacionais afim de acelerar o processo perante os tribunais nacionais e internacionais", disse.
Exortou, por isso, o Conselho a adorar uma resolução nesse sentido e a "submeter a questão à Assembleia Geral para que seja aprovada e o referido mecanismo constituído" à semelhança do que aconteceu em relação à Síria.
Michele Bachelet explicou que "este mecanismo complementaria e apoiaria" o trabalho do Tribunal Penal Internacional (CPI), que na quinta-feira se declarou competente para investigar a deportação da minoria muçulmana rohinya que poderá constituir um crime contra a humanidade.
"Trata-se de uma etapa extremamente importante para acabar com a impunidade e encarar o sofrimento do povo rohingya", adiantou a antiga presidente chilena.
Em 2017, Mais de 700 mil muçulmanos rohingya fugiram de Myanmar, país que tem o budismo como religião maioritária, na sequência de perseguições das forças armadas e de milícias budistas.
A maioria refugiou-se no Bangladesh.
Investigadores das Nações Unidas, mandatados pelo Conselho de Direitos Humanos, pediram, em finais de agosto, à justiça internacional para acusar o chefe das forças armadas e cinco outros responsáveis militares de genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra.
As acusações foram rejeitadas pelas autoridades.
Os investigadores pediram uma renovação do seu mandato, questão que será discutida durante a atual sessão do Conselho de Direitos Humanos, que decorre entre hoje e 28 de setembro em Genebra.
Lusa