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Extrema-direita do Brasil protagoniza ataques informáticos durante o fim de semana

O grupo do Facebook "Mulheres Unidas contra Bolsonaro", que ganhou ampla repercussão por ter reunido cerca de um milhão de mulheres contra o candidato presidencial, sofreu um ataque informático por apoiantes da extrema-direita este fim de semana.

Extrema-direita do Brasil protagoniza ataques informáticos durante o fim de semana

Os ataques ao grupo foram subindo de escala, tendo começado com a mudança do nome da mobilização, que foi alterado para um de teor a favor do candidato, passando para a ameaça direta às moderadoras. O grupo acabou mesmo por ficar inativo durante um período de tempo.

Além das ameaças diretas às administradoras do grupo, os responsáveis pelo ataque fizeram diversas publicações com teor ofensivo contra as participantes.

No início da tarde de domingo, o Facebook informou que, após investigação, "o Grupo foi restaurado e devolvido às administradoras", de acordo com o jornal El País.

Os ataques acontecem num momento em que a rejeição do eleitorado feminino ao candidato Jair Bolsonaro (Partido Social Liberal, PSL) tenta passar de uma mobilização massiva no Facebook para um ato nas ruas. O evento "Mulheres contra Bolsonaro", agendado para 29 de setembro no Largo da Batata, em São Paulo, já conta com 53 mil confirmações.

O grupo "Mulheres contra Bolsonaro" foi criado a 30 de agosto, na rede social Facebook, e é gerido por nove administradoras e 80 moderadoras.

Segundo o jornal Folha de São Paulo, também um vídeo publicado nas redes sociais da Embaixada da Alemanha em Brasília sofreu ataques de apoiantes de direita.

O vídeo referente ao Holocausto - extermínio em massa de judeus pelo regime nazi - mostra que o nazismo é uma ideologia de extrema-direita e cita o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Mass: "Devemo-nos opor aos extremistas de direita, não devemos ignorar, temos que mostrar a nossa cara contra neonazis e antissemitas".

Foi esta a afirmação que levou militantes de direita a encherem a publicação de comentários de contestação.

Os manifestantes argumentam que a centralização de poder exercida por Hitler seria típica da esquerda, chegando a haver comentários que negam o massacre de seis milhões de judeus.

Segundo o jornal Folha de São Paulo, alguns brasileiros ainda se referiram ao holocausto com a palavra "holofraude" para defender a suposta inexistência do assassínio de milhões de judeus na primeira metade do século 20.

O próprio perfil da Embaixada da Alemanha no Brasil emitiu uma resposta, afirmando que o "holocausto é um facto histórico, com provas e testemunhas que podem ser encontradas em muitos lugares da Europa".

Até ao dia de hoje, o vídeo conta 758 mil visualizações e 14 mil partilhas.

Lusa