"Se houver um desfecho caótico, em que o parlamento [britânico] não aprove um acordo ou não se chegue a acordo [com Bruxelas] , então é capaz de resultar numa série de circunstâncias difíceis de prever, que podem acabar numas eleições antecipadas ou num segundo referendo", disse hoje o académicos a jornalistas.
Numa entrevista hoje à BBC, a primeira-ministra britânica, Theresa May, alertou que só existem duas opções para o 'Brexit': o seu plano de divórcio, conhecido como 'Chequers', ou uma saída sem acordo com a União europeia.
O plano 'Chequers' contempla criar uma área de livre comércio para bens depois do 'Brexit', o que evitaria os controlos de alfândega e manteria aberta a fronteira irlandesa.
"Creio que a alternativa [à aprovação do meu plano pelo Parlamento britânico] será que não teremos um acordo", afirmou.
May tem enfrentado resistência interna no partido Conservador ao seu plano, o que levou à demissão de dois ministros, David Davis e Boris Johnson, mas até agora não se concretizou a ameaça de um desafio à sua liderança.
Dentro de duas semanas, entre 30 de setembro e 03 de outubro, em Birmingham, realiza-se o congresso nacional, mas Travers não antecipa qualquer tentativa de derrubar Theresa May.
"O que está em jogo é a capacidade de manter o controlo sobre um partido que está em guerra civil. Ela precisa de mostrar que a incrível determinação que mostrou até agora vai continuar a funcionar para ela e para o partido", declarou o politólogo.
Um eventual acordo entre Londres e Bruxelas terá de ser aprovado pelo Parlamento britânico, onde o partido Conservador tem apenas uma maioria muito pequena, bem como pelos parlamentos dos 27 países da UE e do Parlamento Europeu.Travers lembra que, devido à existência de deputados que são contra e a favor do plano proposto por Theresa May, esta poderá necessitar de votos do Partido Trabalhista, principal partido da oposição britânica.
A posição oficial do líder do 'Labour', Jeremy Corbyn, é opor-se ao plano para provocar novas eleições legislativas, colocando numa posição difícil os deputados que queiram evitar o chumbo de um acordo. "Mesmo os 'remainers' [defensores da permanência do Reino Unido na UE] não arriscariam a apoiar May.
Seria um suicídio e esses deputados nunca seriam reeleitos", enfatizou.
Uma saída para este impasse, adiantou Travers, poderia ser um segundo referendo, desta vez ao acordo negociado com Bruxelas, solução que May tem até agora rejeitado.
"Umas eleições seriam uma melhor forma de resolver a questão do que ter um segundo referendo", sublinhou o académico.
Lusa