"A conclusão é clara: a menos que alteremos a nossa forma de produzir alimentos, os insetos estarão a caminho da extinção em poucas décadas", alertam os autores de uma investigação que faz a síntese de 73 estudos.
Hoje em dia, cerca de um terço das espécies estão ameaçadas e, "a cada ano que passa, mais 1% é acrescentado à lista", calculam Francisco Sanchez-Bayo e Kris Wyckhuys, das Universidade de Sydney e de Queensland, Austrália.
O equivalente "ao maior episódio de extinção" desde o desaparecimento dos dinossauros.
"A proporção das espécies de insetos em declínio (41%) é duas vezes mais elevada que nos vertebrados", afirmam.
Os insetos "são de uma importância vital para os ecossistemas planetários", pelo que a hipótese do seu desaparecimento não pode ser ignorada, insistem os cientistas nas conclusões publicadas na revista Biological Conservation.
Um dos exemplos do serviço vital dos insetos, e sem dúvida o mais conhecido, é a polinização.
Segundo um estudo de 2017 baseado nas investigações realizadas na Alemanha, a Europa perdeu perto de 80% dos seus insetos em menos de 30 anos, contribuindo para o desaparecimento de mais de 400 milhões de pássaros.
E não perdeu só passaros, mas também ouriços, lagartos, anfíbios, peixes... todos aqueles que dependem dos insetos para se alimentarem.
Perda de habitat, pesticidas, fertilizantes
Uma das grandes causas para o desaparecimento de insetos deve-se sobretudo à perda dos seus habitats, devido a urbanizações, deflorestações ou conversões de terrenos para a agricultura.
Outra é sem dúvida o uso intensivo de pesticidas e fertilizantes artificiais, práticas da agricultura intensiva praticada nos últimos 60 anos.
A estas causas juntam-se os agentes patogénicos (vírus, parasitas), as espécies invasoras e, está claro, as alterações climáticas.
Aceleração alarmante nos últimos 20 anos
O desaparecimento de insetos remonta ao início do século XX, acelerou nos anos 1950-60 mas atingiu "proporções alarmantes" nestes último 20 anos.
Entre os mais afetados estão os lepidópteros - as borboletas - os himenópteros - abelhas, vespas, formigas, zangões... que existem em todos os continentes, exceto na Antártica - e os coleópteros - escaravelhos, joaninhas.
Cerca de 60% das espécies de escaravelhos estão em declínio na bacia do Mediterrâneo.
Uma em cada seis espécies de abelhas desapareceu a nível regional, no mundo.
Os insetos aquáticos - libélulas ou efémeras - não são poupados tendo já perdido grande número de espécies.
O que temos de fazer urgentemente
"Restaurar habitats, repensar práticas agrícolas, em particular refrear a utilização de pesticidas e substituí-los por práticas mais sustentáveis", avisam os cientistas que apelam ainda à despoluição das águas, tanto nas cidades como nos meios rurais.