O nome da vereadora brasileira Marielle Franco, assassinada o ano passado, vai ser atribuído a uma rua ou praça de Paris, em França, representando a luta contra a "violência na política" e "a violência contra as mulheres".
A decisão foi tomada na segunda-feira, no Conselho Municipal de Paris, onde a moção para dar o nome de Marielle Franco a uma rua ou a uma praça foi aprovada por unanimidade.
Agora que a decisão já está tomada, falta apenas saber o local que ganhará o nome da vereadora do Rio de Janeiro, havendo hesitação entre a escolha de uma rua ou uma praça.
Marielle Franco, vereadora pelo PSOL e defensora dos direitos humanos, foi assassinada há um ano quando seguia de carro pelo centro do Rio de Janeiro, depois de participar num ato político com mulheres negras.
A ideia da homenagem à vereadora partiu da associação Rede Europeia para a Democracia no Brasil (RED-Br) que, apoiada por outras associações, como a Amnistia Internacional e a Liga dos Direitos do Homem, enviaram uma carta à presidente da Câmara de Paris, Anne Hidalgo, no mês de fevereiro.
"A aprovação da moção por unanimidade vem responder a uma demanda que vem do movimento feminista, mas também que é uma posição contra o fascismo, contra a violência na política, contra a violência contra as mulheres e é algo muito simbólico", disse Sílvia Capanema, professora na Universidade Paris 13 e presidente da RED-Br.
Segundo Sílvia Capanema, a RED-Br surgiu como forma de reunir "académicos e artistas brasileiros" a viver na Europa que estejam preocupados com a situação política no seu país de origem.
"É uma rede para promover campanhas, sensibilizar e promover ações concretas no meio intelectual e artístico para defender a democracia do Brasil", declarou a professora universitária.
Do lado político, Anne Hidalgo mostrou o seu apoio à iniciativa.
"Marielle Franco foi assassinada há uma ano. Conselheira municipal do Rio de Janeiro, ela estava envolvida na luta contra o racismo, a homofobia e as violências policiais. À sua memória, vamos propor no próximo Conselho de Paris que um sítio na cidade lhe seja dedicado", escreveu Anne Hidalgo nas suas redes sociais no dia 14 de março, data do primeiro aniversário da morte da vereadora brasileira.
De acordo com Sílvia Capanema, esta rápida ação da cidade de Paris mostra uma preocupação da sociedade francesa com a atual situação no Brasil.
"Há uma preocupação real com a chegada do fascismo ao poder no Brasil, até porque o Brasil não está isolado e o que acontece lá tem consequências para o mundo. Mas também com a própria população brasileira, já que vários alertas são lançados por movimentos sociais que estão ameaçados e que arriscam a própria vida quando denunciam determinadas situações, como aconteceu com a Marielle", indicou.
Sílvia Capanema adiantou que a aprovação suscitou "entusiasmo" nos movimentos brasileiros que pedem justiça para encontrar os culpados da morte de Marielle Franco.
A RED-Br vai continuar a desenvolver as suas ações na capital francesa, tendo também já contactos na Suíça e na Bélgica, pretendendo expandir-se para outros países europeus com uma presença intelectual brasileira relevante.
Lusa