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Exército do Sudão fecha televisão Al-Jazira, manifestações continuam em Cartum

Na quinta-feira à noite, milhares de sudaneses manifestam-se em frente à sede das forças armadas em Cartum, na sequência de um apelo do movimento de contestação ao regime.

Exército do Sudão fecha televisão Al-Jazira, manifestações continuam em Cartum
Mohamed Nureldin Abdallah

Os serviços de segurança do Sudão ordenaram o "encerramento" da delegação da cadeia de informação do Qatar Al-Jazira em Cartum, anunciou hoje o grupo. Ao mesmo tempo, milhares de pessoas protestaram nas ruas da capital sudanesa contra a ausência de progressos nas negociações com os militares, que recusam ceder o poder aos civis.

"Os serviços de segurança sudaneses informaram o diretor da delegação da Al-Jazira da decisão do Conselho militar de transição de encerrar os escritórios [da cadeia] em Cartum", de acordo com o 'site' da empresa.


"A decisão inclui também a retirada dos vistos de trabalho para os correspondentes e pessoal da rede da Al-Jazira a partir de agora", quinta-feira à noite, acrescentou a televisão, que difunde regularmente imagens de manifestações contra as forças armadas que abalam o Sudão.

De acordo com a Al-Jazira, nenhuma "decisão escrita" foi entregue ao diretor da delegação.


Em comunicado, a cadeia de informação do Qatar denunciou uma "total violação da liberdade de imprensa" e garantiu que vai "continuar a cobertura dos acontecimentos no Sudão, apesar da ingerência política das autoridades sudanesas".


Os manifestantes, sobretudo jovens, agitaram bandeiras e entoaram palavras de ordem de apoio a um governo civil, mantendo a pressão para que o exército ceda o poder aos civis.


"Estamos aqui para afirmar a nossa reivindicação fundamental em defesa de um poder civil durante o período de transição para garantir uma verdadeira transição democrática", disse à agência de notícias France-Presse Mohamed Hassan, um jovem manifestante.

Desde 6 de abril, milhares de manifestantes estão acampados em frente à sede das forças armadas em Cartum.


Depois de terem exigido o apoio dos militares contra o Presidente Omar el-Béchir, os manifestantes exigem agora a saída dos generais, que tomaram o poder na sequência do afastamento do chefe de Estado a 11 de abril.

Lusa