Fundo mal recebido pelas famílias
Em junho deste ano a Boeing anunciou um fundo com cerca de 100 milhões de euros para ajudar diretamente as famílias das vítimas dos dois acidentes aéreos com o último modelo da gigante norte americana.
No espaço de 5 meses dois aparelhos do modelo 737 Max – o mais moderno da companhia - caíram na Etiópia e na Indonésia sem quaisquer sobreviventes.
Primeiro em outubro de 2018 com um voo da Lion Air que caiu 12 minutos após a descolagem na Indonésia, matando os 189 passageiros e tripulantes.
Já este ano, em março, um voo da Ethiopian Airlines caiu seis minutos após a descolagem, causando 157 mortes.
Foi o ponto de ordem para retirar o aparelho do ar, desde logo por parte das autoridades de segurança aérea, mas também das próprias companhias aéreas que mandaram para trás os modelos Boeing 737 MAX para que fossem apuradas as causas dos dois acidentes.
Desde então a Boeing tenta controlar os danos para a companhia que só no 1.º semestre deste ano perdeu quase 800 milhões de euros num dos piores momentos da história.
Em junho, a par das conclusões preliminares de um relatório das autoridades indonésias que apontava problemas no projeto e supervisão do Boeing 737 MAX, mas também erros de pilotagem e problemas de manutenção, a fabricante de aviões norte-americana anunciava um fundo de assistências às vítimas dos 2 acidentes.
100 milhões para 737 famílias das vítimas do 737 MAX e mais 100 milhões de dólares para programas de educação e desenvolvimento.
O fundo já começou a aceitar solicitações até 2020, mas as famílias consideraram uma manobra de diversão para aas questões de segurança dos aviões.
"Uma das coisas mais assustadoras de um acidente de avião como esse é que as famílias em muitos casos não chegam a receber nada em troca", afirmou Robert A Clifford, o consultor principal do litígio da Ethiopian Airlines 302 à BBC.
Mas para receberem esta indemnização da Boeing as famílias das vítimas têm de renunciar ao direito de interpor novos processos contra a empresa, mesmo que em separado, confirmou o administrador do fundo Kenneth R. Feinberg, que supervisionou a distribuição das indemnizações às vítimas do de 11 de setembro em Nova Iorque.
Regresso do Boeing 737 MAX aos voos continua sem data marcada
Mais de seis meses depois da imobilização no solo do Boeing 737 MAX, no seguimento de dois acidentes que provocaram 346 mortos, continua sem data o regresso deste aparelho ao ar, indicou hoje o regulador aéreo dos EUA.
A informação foi avançada pela Agência Federal da Aviação (FAA, na sigla em inglês), cujo presidente, Steve Dickson, indicou que o levantamento da proibição vai ser feito país a país e reflete as divergências entre as autoridades da aviação civil mundial.
Por outro lado, Dickson confirmou aos seus pares, durante uma reunião em Montreal, no Canadá, que ele próprio tencionava voar no 737 MAX modificado antes que este volte a ter voos comerciais, segundo o texto do seu discurso transmitido à AFP.
"A FAA continua a seguir um processo minucioso e não um calendário imposto, para recolocar o aparelho ao serviço", declarou Dickson.
Acrescentou que o regulador continua a examinar as mudanças feitas pela Boeing ao programa informático MCAS, especialmente concebido para o MAX, que foi posto em causa durante inquéritos preliminares nos acidentes da Ethiopian Airlines, de 10 de março último, e da Lion Air, de 29 de outubro do ano passado.
O 737 MAX está sem voar desde há mais de seis meses.
A FAA admitiu na segunda-feira que as suas divergências com outros reguladores, designadamente europeus e o canadiano, não iriam permitir que o 737 MAX modificado regressasse aos céus de maneira simultânea.
"Cada governo vai tomar a sua própria decisão sobre o regresso do aparelho, fundada sobre o exame aprofundado sobre a segurança", declarou a FAA, cuja proximidade com a Boeing tem sido criticada, de forma generalizada, desde há vários meses.
Entre as críticas que lhe são dirigidas está a de ter sido a última autoridade a impedir que o aparelho voasse e de ter confiado à própria Boeing a homologação de sistemas importantes do 737 MAX, entre os quais o MCAS.
Um painel de reguladores internacionais, criado pela FAA, deve entregar nas próximas semanas um relatório muito crítico sobre as relações entre a Boeing e o regulador.