No dia em que se celebram os 70 anos da República Popular da China, as ruas de Hong Kong encheram-se de protestos que acabaram em confrontos violentos com as autoridades. Apesar da proibição policial, das estradas bloqueadas e de estações de metro fechadas, os manifestantes saíram à rua vestidos de preto, em "luto" pela erosão da liberdade na região administrativa.
A polícia de Hong Kong acusou os manifestantes de usarem um líquido corrosivo que queimou a pele de agentes e jornalistas e informou ter efetuado disparos de aviso.
Do outro lado, há pelo menos dois manifestantes em estado grave na sequência dos protestos. Um deles é o jovem alvejado no peito pela polícia, que está a usar balas reais, segundo a imprensa.
Perante o caso, as autoridades de Hong Kong justificaram estar perante um nível de violência muito elevado por parte dos manifestantes. Os responsáveis da polícia, citados pelo jornal South China Morning Post, dizem que o uso de balas reais foi proporcional ao nível de agressão que eclodiu em várias ruas da cidade e aconteceu em autodefesa.
Ao longo do dia, os manifestantes bloquearam estradas, incendiaram veículos, vandalizaram lojas, destruíram escritórios governamentais e arremessaram bombas de fogo e pedras contra a polícia, que reagiu com uma atitude de firmeza, em confrontos que provocaram dezenas de feridos e dezenas de detenções.
"Houve gente que sentiu que a sua vida estava em perigo"
O jornalista da agência Lusa a viver em Hong Kong, João Carreiras, fez o ponto de situação dos protestos.
Jornalistas feridos nos protestos de Hong Kong
Pelo menos quatro jornalistas ficaram feridos nos últimos dois dias de protestos em Hong Kong, um cenário que levou a emissora pública RTHK a retirar todos os repórteres que estavam a fazer a cobertura no terreno.
A decisão da Rádio Televisão Hong Kong foi tomada após um dos seus jornalistas ter ficado ferido num olho num dos confrontos entre manifestantes e a polícia em Sham Shui Po.
Contudo, a ordem para os jornalistas regressarem às redações teve em conta outro caso em que dois jornalistas de uma televisão foram atingidos por um líquido corrosivo nas mãos e na cara.