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Tentativa de captura do filho de El Chapo "foi precipitada"

"Os agentes que estavam no terreno agiram às pressas, não esperaram pelo mandado de captura e começaram a atirar".

Tentativa de captura do filho de El Chapo "foi precipitada"
Fernando Carranza

O exército mexicano admitiu hoje que se precipitou na tentativa de captura de um dos filhos do narcotraficante Joaquín "el Chapo" Guzmán, que causou 21 feridos e levou à fuga de 27 presos, segundo as agências internacionais.

"Os agentes que estavam no terreno agiram às pressas, não esperaram pelo mandado de captura e começaram a atirar", declarou o secretário da Defesa Nacional do Estado de Sinaloa, Luis Cresencio Sandoval, numa conferência de imprensa sobre a operação militar que ocorreu naquela região.A operação visou Ovidio Guzmán.

O governante afirmou que os agentes improvisaram "sem medir as consequências das suas ações, na esperança de alcançar um resultado positivo".

Na mesma conferência, Alfonso Durazno, secretário da Segurança Pública do Estado de Sinaloa, salientou que como "não receberam o mandado de busca a tempo" foram "ordenados a retirar-se do prédio" onde estava Ovidio Guzmán.Ainda que o secretário da Segurança não tenha confirmado a prisão de Ovidio Guzmán, em declarações à Televisa, Durazno afirmou que os agentes entraram na casa, mas que saíram sem o traficante.

A troca de tiros entre as autoridades mexicanas e o cartel durou horas, causando 21 mortes de acordo com o secretário estatal da segurança pública.

Durante toda a tarde, incêndios e explosões de veículos foram registadas em vários locais do Estado, forçando a população a esconder-se em casa, segundo um correspondente da agência de notícias France Presse.Vinte e sete presos escaparam da prisão, de acordo com o secretário de Estado da Segurança.

O Presidente Andres Manuel Lopez Obrador manifestou o seu apoio às ações dos oficiais de segurança, acrescentando que a operação do exército foi baseada num mandado de captura que não chegou.

"A captura de um criminoso não pode valer mais do que a vida de pessoas" afirmou o chefe de Estado, dizendo que a resposta do cartel foi "muito violenta" e que muitas vidas foram postas em risco.

O advogado da família de "el Chapo" confirmou à agência Associated Press que "Ovidio está vivo e livre", mas que não sabe mais detalhes sobre o acontecido.

Dois dos irmãos de Ovidio, Ivan Archivaldo Guzmán e Jesus Alfredo Guzmán, mais conhecidos como "los Chapitos", já estiveram presos e acredita-se que dirijam o cartel de Sinaloa, criado pelo do pai, juntamente com Ismael "el Mayo" Zambada.Ovidio e um dos seus outros irmãos foram acusados em 2018 por alegado tráfico de cocaína, metanfetamina e marijuana.

Sinaloa é a base de um cartel que foi liderado por Joaquín "el Chapo" Guzmán, sentenciado a prisão perpétua nos Estados Unidos em julho.Após a terceira prisão de "el Chapo" em 2016, um conflito interno pelo controlo do negócio começou e foi resolvido apenas quando Damaso Lopez Nunez e o seu filho Damaso Lopez Serrano, líderes de um cartel rival, foram presos.

Lusa