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Testemunha confirma ligação entre suspensão da ajuda à Ucrânia e pedido de Trump

Ex-membro do Conselho de Segurança nacional dos EUA testemunhou no Congresso que não viu nada de ilegal.

Testemunha confirma ligação entre suspensão da ajuda à Ucrânia e pedido de Trump
MICHAEL REYNOLDS / EPA

O ex-membro do Conselho de Segurança nacional dos EUA, Tim Morrison, que se demitiu na véspera de testemunhar no Congresso, confirmou na quinta-feira aos congressistas que a ajuda militar norte-americana para a Ucrânia foi suspensa pelo pedido de Donald Trump aos dirigentes ucranianos para que abrissem uma investigação a Joe Biden.

Tim Morrison declarou que não tinha visto nada de ilegal sobre este caso, que está no centro do inquérito com vista à destituição do presidente dos EUA.

Morrison foi o primeiro dos nomeados políticos por Trump a testemunhar e gastou mais de oito horas, à porta fechada, a responder a membros da Câmara dos Representantes.

"Quero que fique claro: não estou preocupado que alguma coisa ilegal tenha sido discutida", afirmou Morrison, em declarações preparadas consultadas pela Associated Press.

Mas confirmou o que o diplomata William Taylor afirmara em testemunho anterior -- que Morrison tivera um "mau sentimento" quando soube que Trump tinha solicitado aos ucranianos que anunciassem publicamente uma investigação ao ex-vice-presidente de Barack Obama, Joe Biden.

"Posso confirmar que a substância do testemunho do diplomata é correta", escreveu Morrison.

Nas suas declarações, acrescentou que ele e Taylor não tinham percebido que o dinheiro tinha sido retido e a sua disponibilização condicionada à investigação da Burisma, a empresa de gás que rapidamente soube que esteve ligada a Biden, até que teve uma conversa com o embaixador dos EUA na União Europeia, Gordon Sondland, em setembro.

"Taylor e eu não tínhamos razão para acreditar que a disponibilização da assistência ao setor de segurança pudesse estar condicionada a uma declaração pública (dos ucranianos) a reabrir a investigação à Burisma até á minha conversa com o embaixador Sondland, em 01 de setembro de 2019", testemunhou Morrison.

Considerado um 'falcão', Morrison era o principal assessor no Conselho de Segurança Nacional para os assuntos da Europa e Federação Russa, até à sua demissão na quarta-feira.

A sua entrada neste órgão ficou a dever-se a um convite do antigo conselheiro John Bolton, que era crítico da política de Trump para a Ucrânia e da diplomacia paralela realizada pelo advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani.Morrison testemunhou que a sua antecessora Fiona Hill, que também testemunhou no inquérito de destituição, lhe dissera que Giuliani e Sondland estavam a tentar que o presidente ucraniano, Voldymyr Zelenskiy, "reabrisse as investigações sobre a Burisma".

Bolton resignou em setembro e a demissão de Morrison já era esperada há algum tempo. "Não quero que alguém pense que há alguma ligação entre o meu testemunho (na quinta-feira) e a minha saída" do conselho, escreveu.

Lusa