Fações do Exército Nacional Sírio (SNA) também apelidado Exército de Libertação Sírio,, um grupo armado sem ligações ao Governo sírio e apoiado pela Turquia no nordeste da Síria, realizaram várias execuções sumárias e impediram civis curdos de voltar a casa na chamada "zona segura" desde que Ancara iniciou, em outubro, uma ofensiva no nordeste da Síria, denunciou hoje a Human Rights Watch.
Segundo a Human Rights Watch (HRW), registaram-se pelo menos sete mortes sumárias, incluindo a da política curda Hevrin Khalaf e de trabalhadores da organização não governamental humanitária Crescente Vermelho Curdo.
Por outro lado, "alguns residentes curdos [da 'zona segura'] não puderam regressar [a casa] " porque fações de rebeldes "bloquearam o caminho", disse a investigadora da HRW Sara Kayyali.
Segundo adiantou, "mesmo aqueles que conseguiram regressar estão em condições muito difíceis [já que enfrentam] muitos saques e alguns não conseguem encontrar abrigo".
Em comunicado hoje divulgado, a HRW pede à Turquia que investigue, no território sobre o qual "exerce atualmente controle efetivo", estas violações dos direitos humanos", considerando que, "em muitos casos, podem ser consideradas crimes de guerra".
A organização apela também ao Governo turco para que "pressione" as forças que apoia para acabar com "os abusos e garantir que os dirigentes sejam responsabilizados".
"Executar pessoas, saquear propriedades e bloquear o retorno de pessoas deslocadas às suas casas mostra que a zona de segurança proposta pela Turquia não é segura", criticou a diretora da HRW para o Médio Oriente, Sarah Leah Whitson.
"Ao contrário do discurso da Turquia, que diz que a sua operação estabelecerá uma zona segura, os grupos que [o país] está a usar para administrar o território estão a cometer abusos contra civis e discriminações por motivos étnicos", acrescenta.
Divulgados no início de novembro vídeos de abusos a combatentes curdos na Síria
A agência das Nações Unidas para os Direitos Humanos referiu, em 15 de outubro, que o Governo turco e as fações aliadas poderiam ser acusados de ter cometido graves violações da lei internacional se se comprovasse a sua responsabilidade em execuções sumárias de soldados cativos e de uma líder política curda.
Até ao momento, de acordo com a HRW, não foi iniciada qualquer investigação.
Em 9 de outubro, a Turquia e os rebeldes sírios deram início a uma nova operação militar contra a milícia curda das Unidades de Proteção Popular (YPG), apoiada pelos países ocidentais, mas considerada terrorista por Ancara.
Ancara explicou que o seu objetivo foi criar uma "zona segura" que possa albergar refugiados sírios na Turquia e separar a fronteira turca das posições da YPG.

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, explicou querer instalar nessa zona dois milhões dos 3,6 milhões de refugiados sírios que estão oficialmente na Turquia.
Atualmente, essa zona é patrulhada por unidades russas, principais aliados de Damasco, e militares turcos.
Com Lusa
