Até ao final deste ano, 672 milhões de crianças vão estar a viver em situação de pobreza. É um aumento de 15% em relação à 2019, segundo os últimos dados da UNICEF num relatório conjunto com a organização não-governamental (ONG) Save the Children.
A situação ainda piora mais este ano devido à pandemia de Covid-19. As consequências económicas podem levar mais 86 milhões de crianças à pobreza até final do ano, elevando o total para 672 milhões, apontam a ONG e o Fundo das Nações Unidas para a Infância.
Já em abril, a UNICEF tinha alertado que entre 42 a 62 milhões de crianças correm o risco de pobreza extrema por causa da presente crise sanitária sendo que 386 milhões de crianças já se encontravam em situação de pobreza extrema em 2019.
Quase dois terços das crianças do mundo a viver em pobreza estão na região da África subsaariana e no sul da Ásia.
No entanto, o aumento do número de crianças afetadas pela pobreza devido à pandemia de covid-19 terá um aumento mais significativo na Europa e na Ásia central, de cerca de 44%.
Na América Latina e Caraíbas o aumento deverá ser de 22%, de acordo com o estudo conjunto, baseado em projeções do Banco Mundial (BM) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) e dados demográficos de 100 países.
“A pandemia de coronavírus desencadeou uma crise socioeconómica sem precedentes que está a esgotar os recursos de famílias em todo o mundo”, afirma Henrietta Fore, diretora-executiva do UNICEF.
Ações "imediatas e eficazes"
Com ações imediatas e eficazes, "podemos conter a ameaça da pandemia que paira sobre os países mais pobres e algumas das crianças mais vulneráveis", disse Inger Ashing, responsável da Save the Children.
Estas crianças são "muito vulneráveis a períodos curtos de fome e desnutrição, que podem afetá-los ao longo das suas vidas", alertou Inger Ashing no comunicado.
As duas organizações estão a pedir aos governos que expandam rapidamente a sua cobertura de segurança social e refeições nas escolas para limitar os efeitos da pandemia de covid-19.