Mundo

Irão prepara indemnizações para famílias das vítimas de avião ucraniano abatido

No voo da Ukraine International Airlines, abatido em janeiro de 2020, estavam 176 pessoas.

Irão prepara indemnizações para famílias das vítimas de avião ucraniano abatido
ABEDIN TAHERKENAREH

O Irão anunciou esta quarta-feira a criação de um fundo para pagar indemnizações às famílias das 176 vítimas mortais do avião civil ucraniano que as forças iranianas abateram acidentalmente em janeiro passado.

A televisão estatal iraniana, citando a Presidência da República Islâmica, avançou que Teerão vai pagar 150 mil dólares (cerca de 122,1 mil euros) por cada vítima, sem especificar datas para a concretização do pagamento.

"O executivo aprovou a disposição de 150.000 dólares para as famílias e sobreviventes de cada uma das vítimas da queda do avião ucraniano o mais rápido possível", precisou, por sua vez, a agência noticiosa Irna, citando também a Presidência iraniana.

Este anúncio surge numa altura em que as famílias das vítimas se preparam para assinalar o primeiro aniversário do acidente, ocorrido em 08 de janeiro deste ano, e representantes diplomáticos dos países que perderam cidadãos continuam a pressionar o Irão para que exista mais cooperação no processo de investigação do incidente e nas questões relacionadas com as indemnizações.

Em 8 de janeiro, um Boeing 737 da companhia aérea privada ucraniana UIA, que fazia a ligação entre Teerão e Kiev, despenhou-se pouco tempo depois de ter descolado do aeroporto internacional da capital iraniana.

Em 11 de janeiro, o Irão acabaria por assumir responsabilidades no derrube do aparelho, tendo informado então que o avião civil ucraniano tinha sido abatido inadvertidamente por militares iranianos que o tinham confundido com um míssil de cruzeiro devido ao estado de alerta decretado por causa do agravamento da tensão entre Teerão e os Estados Unidos.

Dias antes do acidente, em 3 de janeiro, o general iraniano Qassem Soleimani, emissário da República Islâmica no Iraque, foi morto num ataque em Bagdad ordenado por Washington, acontecimento que foi retaliado pelo Irão e aumentou os receios de um escalar da violência na região.

Após as autoridades do Irão terem reconhecido a sua responsabilidade, evocando um "erro humano", foram registadas manifestações no país contra o sistema da República Islâmica.

Todos os 176 ocupantes do voo da Ukraine International Airlines (UIA), 167 passageiros e nove membros da tripulação, morreram.

A maioria das vítimas tinha nacionalidade iraniana (82) e canadiana (57), mas também estavam a bordo cidadãos da Ucrânia (11), Suécia (17), Afeganistão (4) e do Reino Unido (4).

Durante meses, os Governos dos cinco países mais afetados exigiram que Teerão assumisse "total responsabilidade" pelo acidente e atribuísse indemnizações às famílias das vítimas em conformidade com os acordos internacionais.

Os cinco países envolvidos não comentaram até ao momento o anúncio de Teerão.

"Estas indemnizações não impedem o processo do aspeto criminal do caso perante a autoridade judicial competente", garantiu igualmente hoje a Presidência iraniana, ainda citada pela agência Irna.

O ministro dos Transportes e do Desenvolvimento Urbano iraniano, Mohammed Eslami, avançou hoje, por sua vez, que "o relatório final" do acidente será "em breve" disponibilizado ao público "em persa e em inglês".

"O proprietário do avião, a Ucrânia, e a Boeing estiveram presentes durante o inquérito", indicou o ministro, também citado pela agência iraniana Irna.