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Myanmar. Militares deixam aviso à população pela televisão

Este é o primeiro alerta após os protestos que abalam o país desde sábado.

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Os militares que há uma semana tomaram o poder em Myanmar prometem punir severamente todos os que se lhes oponham.

A ameaça foi feita num comunicado, lido na televisão, horas depois da polícia ter reprimido milhares de manifestantes nas ruas e dos golpistas terem praticamente cortado o acesso da população às redes sociais e à internet.

"As ações devem ser tomadas de acordo com a lei (...) contra as infrações que perturbam, impedem e destruem a estabilidade do Estado, a segurança pública e o estado de direito", informou o canal MRTV, controlado pelo Estado.

O golpe militar

Os militares puseram fim, a 1 de fevereiro, a uma frágil transição democrática, ao instaurarem o estado de emergência por um ano e detiveram Aung San Suu Kyi e outros dirigentes da Liga Nacional para a Democracia (LND, na sigla em inglês).

Mais de 150 pessoas, entre deputados, responsáveis locais e ativistas, foram interpelados e continuam detidos.

País viveu sob um regime militar durante cerca de 50 anos, desde a independência em 1948

Uma liberalização progressiva começou em 2010, e cinco anos depois, com a vitória da LND nas eleições, chegou ao poder um governo civil, dirigido de facto por Suu Kyi.

Muito criticada até há pouco pela comunidade internacional pela alegada passividade na crise dos muçulmanos rohingyas, Aung San Suu Kyi, que esteve submetida ao regime de prisão domiciliária durante 15 anos pela oposição à junta, continua a ser extremamente popular no país.

De acordo com fontes partidárias, a ex-dirigente estará de "boa saúde", confinada a uma residência em Naypyidaw, a capital construída pelos militares.

LND venceu novamente as legislativas de novembro passado, num escrutínio cuja regularidade foi contestada pelos militares, apesar de observadores internacionais não terem constatado quaisquer problemas graves.

Os militares prometeram eleições livres depois do fim do estado de emergência.