Israel voltou esta quarta-feira a bombardear a Faixa de Gaza, em resposta aos rockets lançados pelo Hamas, numa altura em que cresce a pressão internacional para um cessar-fogo imediato na região.
O exército israelita garante já ter causado muitos danos à estrutura do Hamas, mas que há ainda muitos objetivos militares em Gaza.
"Eles ainda têm rockets suficientes para lançar", disse um porta-voz dos militares israelitas sobre o Hamas e a Jihad islâmica, estimando que terão cerca de 12 mil mísseis e morteiros no arsenal.
O porta-voz israelita diz que os civis não são o alvo e que as mortes causadas foram não intencionais.
Pelo menos seis pessoas morreram esta quarta-feira após bombardeamentos aéreos na Faixa de Gaza, depois de os militares israelitas terem ampliado os ataques a alvos de militantes palestinianos no sul.
Os moradores de Gaza relataram que viram pilhas de tijolos, cimento e outros entulhos de casas que abrigavam 40 membros da família al-Astal.
Os moradores disseram que um míssil de alerta atingiu o prédio na cidade de Khan Younis, ao sul, cinco minutos antes do ataque aéreo, permitindo que todos escapassem do local.
O exército israelita afirmou que atingiu alvos dos militantes palestinianos nas cidades de Khan Younis e Rafah, com 52 aviões atingindo 40 alvos subterrâneos num período de 25 minutos.
A rádio Al-Aqsa, administrada pelo Hamas, contou que um de seus jornalistas foi morto num ataque aéreo na cidade de Gaza. Os médicos do hospital Shifa adiantaram que o repórter estava entre os cinco corpos levados esta quarta-feira de manhã ao centro hospitalar.
Desde o início dos ataques, a 10 de maio, 219 palestinianos morreram, incluindo 63 crianças. Os dados avançados pelas equipas de saúde de Gaza adiantam ainda que mais de 1.530 pessoas ficaram feridas. Do outro lado, 12 pessoas morreram, incluindo duas crianças.
Os ataques aéreos de Israel já destruíram ou danificaram quase 450 edifícios na Faixa de Gaza, incluindo seis hospitais e nove centros de saúde.
A guerra causou ainda cerca de 52 mil deslocados, dos quais 48 mil estão abrigados em escolas das Nações Unidas.
Ana Santos Pinto, investigadora do Instituto de Relações Internacionais, diz que é necessário um cessar-fogo entre Israel e o Hamas. No entanto, acredita que ainda não é possível chegar a um acordo de paz na região.
França, Jordânia e Egito propõem cessar-fogo
França apresentou na terça-feira à noite uma resolução de cessar-fogo, no Conselho de Segurança da ONU, com o Egito e a Jordânia.
O documento propõe ainda uma votação no Conselho de Segurança e o reforço da ajuda humanitária para a população em Gaza.
"Ouvimos a proposta feita pelo nosso colega francês no Conselho e, para a China, certamente, apoiamos todos os esforços para facilitar o fim da crise e o regresso à paz no Médio Oriente", disse aos jornalistas Zhang Jun, embaixador da China na ONU e presidente em exercício do Conselho durante este mês de maio.
O embaixador chinês disse que o texto de uma declaração proposta pelo seu país, Noruega e Tunísia, que tinha sido rejeitada pelos Estados Unidos durante mais de uma semana, permaneceu sobre a mesa do Conselho de Segurança.
Desde a semana passada, a China, a Noruega e a Tunísia têm procurado a adoção de uma declaração no Conselho de Segurança, um texto que, de momento, continua a ser travado pelos Estados Unidos, que argumentam que não seria útil, enquanto os esforços diplomáticos para tentar travar os combates continuarem.
EUA voltam a bloquear resolução da ONU
Os Estados Unidos continuam a defender o direito de defesa de Israel e voltaram a bloquear uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que pedia o fim da ofensiva israelita.
A união Europeia apenas conseguiu uma declaração genérica que deixa de fora um estado-membro.
O primeiro-ministro António costa, que está em Paris para discutir o Financiamento das Economias Africanas, falou com vários líderes africanos sobre o conflito.