Os adversários do primeiro-ministro israelita cessante, Benjamin Netanyahu, têm apenas algumas horas para anunciar um acordo visando conduzir o país a uma "nova era" e acabar com mais de dois anos de crise política.
A maratona de negociações continuou durante a noite, terminando às 23:59 locais (21:59 em Lisboa) o prazo marcado pela presidência para a formação de uma coligação.
Às 11:00, quando começou a votação no parlamento para designar o próximo Presidente do Estado hebreu, o bloco anti-Netanyahu ainda não tinha anunciado a conclusão de um acordo.
As negociações para a formação de um novo Governo juntaram nos últimos três dias as equipas dos principais dirigentes da esquerda, do centro e de uma parte da direita, como a da Yamina, a coligação do líder da direita radical, Naftali Bennett, previsto como futuro primeiro-ministro no quadro de uma rotação no poder.
"Todos trabalham no duro para tentar finalizar um acordo o mais rápido possível", indicou na terça-feira à noite à agência France Presse uma fonte próxima das discussões em torno do centrista Yair Lapid.
"Estamos no bom caminho", afirmou o dirigente da formação árabe israelita Raam (islâmica, quatro deputados), Mansur Abbas, ao chegar à reunião.
O que está em causa
A adesão do Raam ou da outra formação árabe israelita, a Lista Unida, resolveria o problema do campo anti-Netanyahu, que precisa de mais quatro deputados para atingir os 61 (a maioria no parlamento de 120 lugares) necessários para formar um governo.
Abbas declarou-se, no passado, pronto para negociar com quem pudesse servir os interesses da comunidade árabe israelita (20% da população de Israel).
Por enquanto, as partes envolvidas nas negociações tentam ultrapassar as divisões e resolver as reivindicações ministeriais, nomeadamente em relação às cobiçadas pastas da Defesa e da Justiça.
"Até à formação do Governo há ainda muitos obstáculos", considerou na segunda-feira o líder do Yesh Atid (que ficou em segundo lugar nas presidenciais de março), Yair Lapid, mandatado pelo presidente no início de maio para constituir um executivo.
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Primeiro chefe do governo israelita acusado durante o mandato
O conflito com os palestinianos, o relançamento económico, o lugar da religião: tudo no papel divide a heterogénea coligação anti-Netanyahu com exceção da vontade de afastar o primeiro-ministro com 15 anos no poder, os últimos 12 consecutivamente.
A ser julgado por corrupção em três casos diferentes, Netanyahu é o primeiro chefe do governo israelita acusado durante o mandato.
Se Yair Lapid anunciar um acordo até ao final do dia, terá depois sete dias para distribuir as pastas e obter um voto de confiança do parlamento.
Em caso contrário, os deputados podem pedir ao presidente para mandatar um outro deputado para formar uma coligação ou será o regresso às urnas, pela quinta vez em pouco mais de dois anos.