A escassez de combustível no Reino Unido deve-se ao abastecimento desencadeado pelo "pânico", afirmou o presidente da Associação de Postos de Gasolina (PRA) britânica, tendo o Governo recorrido ao Exército para ajudar.
"Um dos nossos membros recebeu um tanque ao meio-dia e ao final da tarde tinha totalmente desaparecido nos carros das pessoas", disse Brian Madderson à BBC esta manhã.
Segundo este responsável, que atribuiu a situação ao "pânico, puro e simples" dos automobilistas, os postos "estão a ser abastecidos, mas o número de tanques que estão a receber está abaixo do número necessário".
As estações mais afetadas estão nas áreas urbanas do país, acrescentou, enquanto as zonas rurais e a Irlanda do Norte parecem estar a ser poupadas.
Corrida ao abastecimento acelerou nos últimos dias
A PRA tinha alertado no domingo que cerca de dois terços dos quase 5.500 pontos de venda independentes filiados estavam sem combustível e que os restantes estavam "parcialmente secos ou prestes a esgotar".
A corrida ao abastecimento acelerou nos últimos dias, depois de várias petrolíferas terem anunciado o encerramento de alguns postos devido à dificuldade em abastecê-los, problema que atribuíram à falta de camionistas para conduzir os tanques desde as refinarias.
Filas de dezenas de automóveis e horas de espera formaram-se junto a algumas bombas de gasolina, tendo a polícia sido chamada para controlar uma escaramuça entre clientes num posto em Londres.
Empresas do setor dizem que não há "uma escassez nacional de combustível"
Numa declaração conjunta, empresas do setor, como a Shell, ExxonMobil e Greenergy, vincaram que as dificuldades no abastecimento estão a ser causadas por "picos temporários na procura do cliente - não uma escassez nacional de combustível".
Nos últimos dias, o Governo tem apelado à calma e a consciência dos automobilistas para que comprem apenas a gasolina ou gasóleo que precisem, mas no fim de semana foi forçado a tomar medidas, anunciando 5.000 vistos para camionistas estrangeiros.
No pacote de várias medidas incluem-se também a suspensão das regras da concorrência, para que as petrolíferas possam partilhar recursos no abastecimento de postos com maior necessidade, o envio de cartas a urgir camionistas para voltarem à profissão e o envolvimento de militares para acelerar a realização de exames de condução de veículos pesados.
O Daily Telegraph noticia que o Governo está a avaliar alargar o envolvimento das forças armadas e colocar militares a conduzir camiões-tanque.
O presidente executivo da Food and Drink Federation, Ian Wright, organização de empresas do setor alimentar, saudou a decisão de aliviar as regras de imigração para preencher vagas de camionistas, algo que tem vindo a pedir há vários meses.
"Isto é um começo, mas precisamos que o Governo continue a colaborar com a indústria e procure soluções adicionais de longo prazo", enfatizou.