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Dois portugueses na segunda fase do concurso para astronautas da Agência Espacial Europeia

Foram selecionados num grupo de mais de 23 mil candidatos.

ESA / Agência Espacial Europeia
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Pedro Caetano e Filipe Lisboa são os dois portugueses que passaram à segunda fase do concurso para astronautas da Agência Espacial Europeia, tendo sido selecionados entre os 23.500 candidatos de todo o mundo.

Pedro Caetano tem 33 anos, é médico especialista em Medicina Aeronáutica e teve formação há sete anos na NASA, tendo sido, em 2019, o primeiro português da área no Centro Europeu de Astronautas da Agência Espacial Europeia.

"Enquanto, na NASA, nós temos recursos, não diria ilimitados, mas quase, nós podemos fazer tudo, quer a piscina, quer a parte da ligação hiperbárica, tudo isso é feito de uma forma para mostrar que existe e é tudo um ambiente glamoroso, aqui na Europa não. É tudo mais prático, as coisas são muito mais sóbrias", diz.

Esteve até ao último minuto indeciso em candidatar-se a astronauta da AEE. Se, em família, se prepara para ser pai dentro de dois meses, na vida profissional, pesou toda a experiência que esta jornada pode trazer.

"Optei por candidatar-me, nunca esperando ser o próximo astronauta português, mas fazendo o percurso para, e também aprendendo muito com isso, mais até pelo percurso do que pelo objetivo final", acrescenta.

Em agosto, ficou a saber que foi selecionado para uma segunda fase e, depois de assinados três acordos de confidencialidade, voou até à Alemanha para uma maratona de testes cognitivos, feitos sob pressão.

"No meu grupo, era o único português, estavam representadas muitas outras nacionalidades, e tenho colegas muito bem preparados, muito bem qualificados, e o ambiente no grupo foi muito bom. Todos os testes que nós fizemos lá, não podemos divulgar aquilo que fazemos, nem o espaço, nem o local, não podemos tirar fotografias, não podemos fazer uma série de coisas. Os testes que nós fazemos, maioritariamente, são muito diversificados, mas passam todos por respostas a problemas complexos de uma forma o mais rapidamente possível. São problemas desde a Matemática, à Física, problemas de memória visual."

Enquanto médico especialista que atribui o certificado clínico obrigatório para as candidaturas, conheceu boa parte dos 321 candidatos portugueses.

Filipe Lisboa foi um deles e é um dos selecionados da Agência Espacial Europeia. O engenheiro físico de 36 anos tem dedicado a vida a observar a Terra e a estudar o fenómeno das alterações climáticas através de imagens satélite. Prepara-se agora para testar os próprios limites.

"O próprio cariz desses testes tem a ver com encaixar muitos exercícios sobre pressão", diz o engenheiro físico.

É um processo de recrutamento muito exigente de cinco etapas e que demora cerca de dois anos. Para Filipe Lisboa, chegue onde chegar, será sempre uma vitória. A palavra desilusão não cabe no sonho de criança que o trouxe até aqui.

"Além dessa corrida ao Espaço, há muitas outras coisas importantes que eu adoro fazer. Eu já faço aquilo que gosto, já trabalho no setor do Espaço, especialmente, numa aplicação extremamente importante do setor do Espaço que são as alterações climática, a monitorização da Terra e o estado ambiental dos oceanos".

A Agência Espacial Europeia está a recrutar 26 astronautas para explorar o Espaço: seis serão efetivos, vinte vão ficar de reserva.

Entre 23.500 candidatos de todo o mundo, foram selecionados, para esta segunda fase, apenas 5%. Pelo menos dois deles são portugueses.

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