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Astrónomos detetam pela primeira vez flúor em galáxia distante

Luz da galáxia demora mais de 12 mil milhões de anos a chegar à Terra.

Os astrónomos descobriram flúor (sob a forma de fluoreto de hidrogénio) nas enormes nuvens de gás da galáxia distante NGP-190387, observada quando o Universo tinha apenas 1,4 mil milhões de anos de idade, ou seja, cerca de 10% da sua idade atual.
Os astrónomos descobriram flúor (sob a forma de fluoreto de hidrogénio) nas enormes nuvens de gás da galáxia distante NGP-190387, observada quando o Universo tinha apenas 1,4 mil milhões de anos de idade, ou seja, cerca de 10% da sua idade atual.
ESO/M. Kornmesser / HANDOUT

Uma equipa de astrónomos deteta, pela primeira, vez flúor, que existe nos dentes e ossos como fluoreto, numa galáxia distante em formação cuja luz demora mais de 12 mil milhões de anos a chegar à Terra, foi anunciado esta quinta-feira.

Com recurso ao radiotelescópio ALMA, no Chile, os astrónomos detetaram flúor, na forma de fluoreto de hidrogénio, nas grandes nuvens de gás da galáxia 'NGP--190387', que é observada quando o Universo tinha 1,4 mil milhões de anos - a idade estimada do Universo é 13,8 mil milhões de anos de acordo com a Teoria do Big Bang.

A equipa científica admite que as estrelas Wolf-Rayet, estrelas muito massivas que vivem apenas alguns milhões de anos, sejam o "berço" mais provável do flúor.

Este elemento químico, que previne cáries dentárias e entra na composição das pastas de dentes, já tinha sido identificado em quasares - corpos celestes semelhantes a uma estrela - distantes.

Contudo, é a primeira vez que é detetado numa galáxia distante a formar estrelas, realça em comunicado o Observatório Europeu do Sul, parceiro no ALMA.

Apesar de longínqua, a galáxia 'NGP--190387' é "extraordinariamente brilhante", em parte devido, segundo as observações feitas com o radiotelescópio, a uma outra galáxia massiva, situada entre a 'NGP-190387' e a Terra.

Esta galáxia massiva "amplificou a luz" da 'NGP-190387', permitindo aos astrónomos detetarem a fraca radiação emitida há milhares de milhões anos pelo fluoreto de hidrogénio em 'NGP--190387'.

Os astrónomos esperam obter mais informação sobre a composição das estrelas que formam esta galáxia, observando diretamente a luz que emitem com o maior telescópio ótico do mundo, o ELT, em construção no Chile com o envolvimento de tecnologia e ciência portuguesas.

Os resultados da investigação foram publicados na revista da especialidade Nature Astronomy.

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