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Papa Francisco pede que não se “oprima a consciência dos outros"

O líder da Igreja Católica celebrou uma missa perante 50 mil pessoas no seu terceiro dia no Canadá.

Papa Francisco pede que não se “oprima a consciência dos outros"
Cole Burston

O Papa Francisco celebrou, esta terça-feira, uma missa perante 50 mil pessoas no estádio Commonwealth, em Edmonton, no seu terceiro dia no Canadá para pedir perdão aos indígenas, tendo utilizado a sua homilia para pedir que nunca se “oprima a consciência dos outros”.

O líder da Igreja Católica percorreu aquele que é o maior estádio canadiano no seu papamóvel, tendo saudado os fiéis, beijado crianças e dedicado a homilia aos avós, no Dia Mundial dos Avós, celebrado como a festa de santa Ana e são Joaquim, pais de Maria e avós de Jesus.

“Construir um futuro melhor”

A estes, o Papa pediu que intercedessem para “construir um futuro melhor”.

“Um futuro em que os idosos não sejam descartados porque funcionalmente já não são necessários, um futuro que não julgue o valor das pessoas pelo que produzem, um futuro que não seja indiferente àqueles que, já em idade avançada, precisam de mais tempo, de ser ouvidos e de atenção, um futuro em que a história de violência e marginalização sofrida pelos nossos irmãos e irmãs indígenas não se repita”, disse, citado pela agência noticiosa Efe.

De acordo com o Papa Francisco, há que cuidar “daqueles que não pensaram apenas em si próprios, mas que transmitiram o tesouro da vida”.

Precisamente dos nossos avós, aprendemos que o amor nunca é uma imposição, nunca despoja o outro da sua liberdade

“Tentemos aprender isto como indivíduos e como Igreja: nunca oprimir a consciência dos outros, nunca algemar a liberdade dos que nos são próximos e, sobretudo, nunca deixar de amar e respeitar as famílias que nos precederam e nos foram confiadas, tesouros preciosos que guardam uma história maior do que eles próprios”, disse o líder religioso.

Entre o final do século XIX e os anos 1990, cerca de 150 mil crianças indígenas foram recrutadas à força para mais de 130 destas instituições. Aí foram isolados das famílias, da língua e cultura, e foram frequentemente vítimas de violência. Pelo menos 6 mil crianças morreram nestas instituições.

A descoberta em 2021 de mais de 1.300 sepulturas não identificadas perto destas escolas provocou uma onda de choque no país, que está lentamente a abrir os olhos para este passado, descrito como "genocídio cultural" por uma comissão nacional de inquérito.

O líder da Igreja Católica chegou, no final da manhã de domingo, a Edmonton, no oeste do Canadá, para a primeira de três paragens na sua viagem.

O Papa já pediu desculpa a uma delegação de nativos canadianos no Vaticano, em abril.

Ao todo, Francisco deve fazer quatro discursos e quatro homilias, todos em espanhol. É o segundo Papa a visitar o Canadá, depois de João Paulo II.