Mais de metade das espécies cujo estado de conservação não pode ser avaliado, por falta de dados, está provavelmente ameaçada de extinção, segundo um estudo publicado esta semana na revista científica Communications Biology.
A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), que publica uma lista vermelha global de espécies ameaçadas, tem atualmente dados sobre 150.000 espécies vegetais e animais, das quais cerca de 41.000 estão ameaçadas de extinção, 28% do total. Isto representa 41% dos anfíbios, 38% dos tubarões e raias e 27% dos mamíferos.
Mas para milhares de outras espécies, a UICN não tem dados para avaliar o estado de conservação, que pode variar entre "pouco preocupante" e "criticamente ameaçados" ou mesmo "extintos".
Os investigadores da Universidade de Ciência e Tecnologia da Noruega utilizaram uma técnica de aprendizagem automática, através de um algoritmo, para obter estimativas para 7.699 espécies sobre as quais faltam dados.
E concluíram que 4.336 delas, mais de metade, estão provavelmente ameaçadas de extinção, incluindo 85% dos anfíbios desta lista suplementar e 61% dos mamíferos.
"Vemos que na maioria das áreas terrestres e costeiras em todo o mundo, a taxa de extinção poderá ser mais elevada se incluirmos espécies para as quais nos faltam dados", disse o autor principal do estudo, Jan Borgelt, à agência AFP.
A análise também destaca algumas regiões onde o risco é maior, como Madagáscar, que tem uma fauna única, e o sul da Índia. O trabalho poderá ajudar a UICN a desenvolver uma estratégia para lidar com espécies subavaliadas, disse Jan Borgelt.
Um relatório da ONU publicado em 2019 indicava que um milhão de espécies está ameaçado de extinção a médio e longo prazo, devido à perda de habitats, alterações climáticas, espécies invasoras e sobre-exploração.
Com Lusa