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Lukashenko vira-se contra "vizinhos" e acusa-os de prepararem ataques contra Bielorrússia

O Presidente Lukashenko intimidou Zelensky a não tocar “com as suas mão sujas num único metro de território” bielorrusso.

Lukashenko vira-se contra "vizinhos" e acusa-os de prepararem ataques contra Bielorrússia
SIARHEI LESKIEC

O Presidente bielorrusso Alexandre Lukashenko acusou esta segunda-feira a Polónia, Lituânia e Ucrânia de prepararem ataques “terroristas” e uma “sublevação militar” na Bielorrússia, após ter anunciado a formação de um agrupamento militar “regional” com Moscovo.

“O treino de combatentes na Polónia, na Lituânia e na Ucrânia inclui radicais bielorrussos, para efetuarem sabotagens, atos terroristas, e um levantamento militar no país tornou-se numa ameaça direta”, declarou no decurso de uma reunião com responsáveis militares, acusando ainda a União Europeia e Estados Unidos de pretenderem “agravar a situação”.

“Os Estados Unidos e a União Europeia afirmam que pretendem legitimar os nossos fugitivos como uma força política, preveem reforçar seriamente o seu apoio a elementos destrutivos e agravar a situação na fronteira ocidental [bielorrussa] para abrir uma segunda frente”, acrescentou o líder de Minsk, de acordo com uma nota da presidência.

Lukashenko considerou “absurdo” que a Ucrânia abra uma segunda frente na fronteira bielorrussa, mas acusou o Ocidente de pressionar para o início desta nova fase da guerra, ao indicar que Kiev “planeia ataques em território bielorrusso” e definindo como uma “loucura do ponto de vista militar” a abertura de uma segunda frente.

“No entanto, o processo começou. Estão a ser pressionados pelos seus patrões para desencadearem uma guerra contra a Bielorrússia com o objetivo de nos envolver e lidarem com a Rússia e a Bielorrússia em simultâneo”, referiu, citado pela agência noticiosa BelTA.

“Ontem, através de canais não oficiais, preveniram-nos de um ataque em preparação à Bielorrússia e a partir de território ucraniano”, assegurou Lukashenko, ao considerar que Kiev pretende “uma ponte da Crimeia número 2”, numa referência à ponte russa danificada no sábado por uma explosão.

LUKASHENKO INTIMIDA ZELENSKY

Disse ainda ter transmitido uma mensagem ao Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, intimidando-o a não tocar “com as suas mãos sujas num único metro de território” bielorrusso.

Em consequência deste desenvolvimento, Minsk e Moscovo vão deslocar um agrupamento militar comum, revelou, sem precisar a sua localização.

A Bielorrússia, aliada da Rússia no seu conflito com a Ucrânia, já disponibilizou o seu território ao Exército de Moscovo para a sua ofensiva na Ucrânia, mas as Forças Armadas bielorrussas não se envolveram até ao momento em combates no território ucraniano.

ZELENSKY MANTEVE CONVERSA TELEFÓNICA COM PRESIDENTE POLACO

Neste contexto, e na sequência dos ataques de mísseis e drones russos a diversas cidades ucranianas, Zelensky manteve uma conversa telefónica com o seu homólogo polaco, Andrzej Duda.

“Após ao ataque de hoje contra Kiev outras cidades da Ucrânia, foram efetuadas consultas urgentes entre os presidentes Duda e Zelensky”, indicou a presidência polaca em mensagem no Twitter.

Por sua vez, o dirigente ucraniano disse estar a “coordenar as medidas a tomar” e manifestou que ambos “trabalharão para consolidar o apoio internacional e reforçar as capacidades militares da Ucrânia”, enquanto procuram “reconstruir o destruído” e “isolar ainda mais a Rússia”.

Na manhã desta segunda-feira, o Exército russo bombardeou diversas zonas de Kiev, Kharkiv, Dnipro e Jitomir, entre outras, com mais de 80 mísseis lançados contra território ucraniano.