Na fronteira do México com os Estados Unidos agravam-se cada vez mais as condições de vida de milhares de migrantes dos países do sul do continente americano. A maior parte será repatriada ao abrigo da lei criada por Donald Trump para travar a covid-19.
São milhares aqueles que atravessam a fronteira norte-americana em busca de uma vida melhor. Nos abrigos improvisados e nas ruas de El Paso, no estado norte-americano do Texas, muitos migrantes aguardam uma solução.
Vários migrantes venderam a casa para poderem fazer a travessia e quem deixou tudo para trás questiona: “Como podemos regressar se não temos para onde voltar?”
“Passei por frio, fome, e tive de ir pelas rotas ilegais, por caminhos estritos. A maioria dos imigrantes não quer fazê-lo, quer entrar legalmente”, revela outra das várias pessoas que abandonaram o país natal.
Vigiados de perto pela Guarda Nacional Mexicana e pelos carros-patrulha que percorrem, permanentemente, a fronteira, os migrantes venezuelanos e dos países da América Central, espreitam a oportunidade de chegar à nação norte-americana.
Com as restrições impostas pela Lei 42, que permite a expulsão imediata de migrantes, a entrada nos Estados Unidos pelos circuitos legais é cada vez mais uma miragem.
Criada em Março de 2020 pelo presidente Donald Trump, a pretexto da necessidade de travar a pandemia, a “Title 42” continua em vigor, apesar dos esforços da administração Biden no sentido de revogar uma lei que as autoridades sanitárias consideram desnecessária.
“Estamos a falar de pessoas que vêm para cá como refugiados, para pedir asilo, e que continuam a atravessar as fronteira de formas perigosas. Atravessam autoestradas no meio dos carros que passam e já morreram migrantes assim. Isto resulta numa situação de crise humanitária”, conta Fernando Garcia, da Rede Fronteiriça para os Direitos Humanos.