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Lula da Silva dispensa 40 militares de serviço no Palácio da Alvorada

Os ataques em Brasília estão a motivar uma desconfiança por parte de Lula da Silva sobre a atuação de militares, em vésperas de se mudar para o Palácio da Alvorada, residência oficial do Presidente da República.

Lula da Silva dispensa 40 militares de serviço no Palácio da Alvorada
Eraldo Peres

O Governo do Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, dispensou esta terça-feira 40 militares que prestavam serviço gratificado no Palácio da Alvorada, residência oficial do Presidente da República.

Lula da Silva e a primeira-dama, Rosângela Silva, planeiam mudar-se para o Palácio da Alvorada após uma viagem que o governante fará à Argentina, em 25 de janeiro.

As dispensas ocorrem nove dias depois da invasão de edifícios públicos em Brasília, em 8 de janeiro, promovidas e executadas por uma horda de apoiantes do ex-presidente Jair Bolsonaro, facto que motivou desconfiança do atual governante sobre a atuação de militares na invasão e depredação do Palácio do Planalto, sede do executivo.

"Teve muita gente conivente. Teve muita gente da Polícia Militar conivente. Muita gente das Forças Armadas aqui dentro conivente. Eu estou convencido que a porta do Palácio do Planalto foi aberta para essa gente entrar porque não tem porta quebrada. Ou seja, alguém facilitou a entrada deles aqui", disse Lula da Silva, num pequeno-almoço com jornalistas no Palácio do Planalto, na quinta-feira.

Os militares dispensados pelo Governo brasileiro ainda são parte das Forças Armadas, mas deixarão de receber uma gratificação a que tinham direito por atuar na coordenação do Palácio da Alvorada.

Também foram dispensados três militares do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) que atuam na coordenação-geral de operações de segurança presidencial e que poderá ter falhado na proteção do Palácio do Planalto.

A pasta dispensou do cargo de assessor técnico-militar na coordenação-geral de operações de segurança presidencial, o tenente-coronel do Exército Marcelo Ustra da Silva Soares, que o portal de notícias Metrópoles informa ser familiar do coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, considerado um dos principais torturadores da ditadura militar brasileira e que foi elogiado e homenageado por Bolsonaro em mais de uma oportunidade.

A presença de militares e agentes de forças de segurança em atos contra o novo Governo brasileiro, incluindo as invasões aos prédios do Palácio do Planalto, Congresso e Supremo Tribunal Federal (STF), que chocaram o mundo, está a ser investigada pelas autoridades locais em várias frentes.

Segundo o jornal O Globo, já foram identificados pelo menos 15 militares vinculados de alguma maneira aos ataques ocorridos em 8 de janeiro em Brasília.

Na lista de militares 'bolsonaristas' associados aos atos há militares no ativo, agentes da reserva e pessoas que já fora das forças de segurança. O levantamento inclui um bombeiro, nove polícias militares de três estados e do Distrito Federal, três integrantes do Exército, um oficial da Marinha e um ex-cabo da Aeronáutica.