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Britânica que fez parte do Daesh perde recurso para reaver cidadania

Shamima Begum, agora com 23 anos, tinha 15 anos quando ela e duas outras amigas adolescentes fugiram de Londres em fevereiro de 2015. O Governo britânico retirou-lhe a cidadania britânica por razões de segurança nacional.

Britânica que fez parte do Daesh perde recurso para reaver cidadania
WPA Pool

Uma mulher cuja cidadania do Reino Unido foi rescindida depois de ter viajado para a Síria para se juntar ao grupo extremista Estado Islâmico perdeu esta quarta-feira um recurso para que a cidadania fosse restaurada e regressar ao país de origem.

A Comissão Especial de Recursos de Imigração realizou uma audiência de cinco dias sobre o caso em novembro e hoje anunciou que decidiu rejeitar o recurso.

Shamima Begum, agora com 23 anos, tinha 15 anos quando ela e duas outras amigas adolescentes fugiram de Londres em fevereiro de 2015. O Governo britânico retirou-lhe a cidadania britânica por razões de segurança nacional pouco depois de ter sido encontrada num campo de refugiados sírio, em 2019.

Begum contestou a decisão do então Ministro do Interior, Sajid Javid, queixando-se de ter ficado apátrida e argumentando que deveria ter sido tratada como uma vítima de tráfico de crianças e não como um risco de segurança.

O Governo britânico alegou que ela podia pedir um passaporte do Bangladesh baseado na ascendência familiar, mas os pais de Begum explicaram que a filha nasceu no Reino Unido e que nunca teve um passaporte do Bangladesh.

Os advogados de Begum argumentaram que a rapariga tinha sido "recrutada, transportada, transferida, alojada e recebida na Síria para fins de exploração sexual e casamento com um homem adulto" pois ainda era menor de idade.

Mas o juiz Robert Jay considerou legítima a decisão do Governo de retirar a sua cidadania por a considerar uma ameaça à segurança do Reino Unido.

A situação reatou um debate sobre o problema mais vasto de como os países ocidentais estão a lidar com as pessoas que aderiram ao Estado Islâmico (EI), mas querem voltar para os seus países de origem.

Begum e as duas amigas fugiram com a intenção de casar-se com combatentes do EI, numa altura em que o programa de recrutamento 'online' do grupo 'jihadista' atraiu muitos jovens para o seu autoproclamado califado.

A adolescente britânica teve dois filhos do marido, de origem holandesa, mas todos morreram prematuramente devido a subnutrição e doença, um dos quais no campo de refugiados onde Begum ainda se encontra.