28,9% das mulheres foram vítimas de algum tipo de agressão no Brasil em 2022, num ano em que foram registadas 822.000 violações, revela um estudo divulgado esta quinta-feira pelo Ipea.
Os adolescentes de 13 anos são as principais vítimas de violação, enquanto na maioria dos casos os autores são os namorados ou ex-parceiros da vítima, membros da família, amigos ou conhecidos, de acordo com o estudo, que se baseia em relatórios recolhidos pelo Ministério da Saúde.
Outro estudo divulgado esta quinta-feira mostrou que todas as formas de violência contra as mulheres registaram um "forte aumento" no ano passado no Brasil, especialmente as relacionadas com agressões físicas e ameaças com facas e armas de fogo.
Quase 30% das mulheres afirmaram terem sido vítimas de algum tipo de violência ou agressão nos últimos 12 meses, o que representa cerca de 18,6 milhões de mulheres com mais de 16 anos, segundo dados de um inquérito realizado a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública
"É de notar que estamos perante um aumento acentuado de formas graves de violência, que podem levar à morte de mulheres, tais como o aumento de episódios de perseguição, agressões tais como bofetadas, socos e pontapés, ameaças com uma faca ou arma de fogo e espancamentos", lê-se no estudo, citado pela agência espanhola Efe.
As ameaças perpetradas com uma faca ou arma de fogo aumentaram 5,1% em comparação com o estudo realizado em 2021, enquanto o número de espancamentos e tentativas de estrangulamento cresceu 5,4%.
Também é de notar que, de acordo com o estudo, as mulheres negras (65,5%) sofreram mais do dobro da violência que as mulheres brancas (29%) no ano passado.
As mulheres mais jovens sofreram mais abusos verbais, enquanto as mulheres com idades compreendidas entre 45 e 59 anos sofreram os níveis mais elevados de violência, tais como espancamentos (8,2%), ameaças com faca ou arma de fogo (8,7%) e esfaqueamento ou tiroteio (4,5%).
De acordo com o estudo, quase metade das vítimas relataram não ter feito nada depois de terem sofrido um grave episódio de violência e apenas 14% das inquiridas relataram o crime numa esquadra da polícia.