Foi por pouco, muito pouco, que o Governo francês sobreviveu às duas moções de censura apresentadas pela oposição e votadas, esta segunda-feira, na Assembleia Nacional. Numa delas, a margem foi de apenas nove deputados.
Após um tenso debate parlamentar, procedeu-se à votação da primeira moção, apresentada por vários partidos da oposição, que se pensava obteria maior adesão e que acabou por ser rejeitada por pouco - apenas nove votos -, tendo recolhido 278 dos 287 necessários para derrubar o Governo de Elisabeth Borne.
Os deputados franceses pronunciaram-se em seguida sobre uma segunda moção de censura ao executivo, apresentada pela União Nacional, de extrema-direita, que não tinha qualquer hipótese de aprovação: obteve apenas 94 dos 287 votos necessários.
Esta revisão da lei das aposentações, pretendida pelo Presidente da República francesa, Emmanuel Macron, e que aumenta a idade de reforma no país dos 62 para os 64 anos, fica assim considerada definitivamente aprovada pelo Parlamento, antes da sua promulgação pelo chefe de Estado, que poderá pronunciar-se nos próximos dias.
Saliente-se que estas moções foram apresentadas e votadas num momento em que centenas de milhares de cidadãos franceses estão nas ruas há semanas contra esta lei, que consideram injusta, em especial para as mulheres e para trabalhadores com profissões de elevado desgaste.
Hoje, na tribuna da Assembleia Nacional, a primeira-ministra francesa condenou "o antiparlamentarismo" dos partidos da oposição e a "incitação à violência" por alguns deputados de esquerda.
"Estou bem ciente do [atual] estado de espírito do nosso país [e] do esforço" que esta revisão da lei das aposentações "exige a um grande número dos nossos compatriotas", frisou Elisabeth Borne.
França é um dos países europeus em que a idade legal de reforma é mais baixa, embora os sistemas de aposentações não sejam totalmente comparáveis.