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Primeiro-ministro israelita vai adiar discussão sobre reforma judicial até à próxima sessão parlamentar

Netanyahu tem sido criticado pela reforma judicial, que levou milhares de pessoas às ruas nos últimos dias.

Primeiro-ministro israelita vai adiar discussão sobre reforma judicial até à próxima sessão parlamentar
RONEN ZVULUN

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu vai adiar o processo de discussões sobre a controversa reforma judicial, que se realiza no próximo mês, disse esta segunda-feira.

O comunicado do partido de extrema-direita, que faz parte do Governo de coligação, dizia que a legislação seria empurrada para a próxima sessão parlamentar a fim de “passar a reforma através do diálogo”.

Parceiro do Governo de coligação do primeiro-ministro, Itamar Ben-Gvir, disse ter concordado com a suspensão da legislação até à sessão de verão do Parlamento (Knesset) prevista para 30 de abril.

Indicou ainda que esta pausa permitirá ao Governo procurar um compromisso com a oposição.

Netanyahu não confirmou no imediato a suspensão da polémica reforma judicial.

O Presidente de Israel, Isaac Herzog, pediu ao primeiro-ministro que ponha fim à reforma judicial, que está a desencadear uma das mais graves crises internas no país.

Nas ruas, milhares de pessoas protestam contra esta reforma.

Numa tentativa de apaziguar o clima que se vive agora no país, Netanyahu pediu calma, enquanto os seus planos para a reforma judicial provocaram uma onda de indignação.

O que é o projeto da reforma judicial e porque está a ser tão polémico?

A proposta de reforma judicial apresentada pelo Governo pretende retirar poder ao Supremo Tribunal de Israel, atribuindo maior controlo ao Parlamento. As novas leis preveem, entre outras, a alteração do processo de nomeação dos juízes e a alteração das deliberações judiciais tomadas por este tribunal. Esta reforma, a confirmar-se, será a mais significativa desde que o sistema judiciário foi fundado, em 1948.

Mais de 100 mil pessoas em protesto em frente ao Parlamento

Mais de 100.000 pessoas manifestaram-se em frente ao Parlamento israelita (Knesset) num novo protesto contra a reforma judicial do Governo, ação que coincidiu com uma histórica greve geral contra a polémica medida do executivo de Benjamin Netanyahu.

O protesto em frente ao Knesset em Jerusalém junta-se a outra massiva mobilização em Telavive, para além das registadas em cidades do norte e do sul, enquanto várias empresas aderiram à greve nacional entretanto convocada.

"Democracia, democracia" ou "Israel não é o Irão" foram algumas das palavras de ordem entoadas pelos manifestantes concentrados junto do Parlamento, que revelaram ceticismo face à possível suspensão temporal da reforma por parte de Netanyahu.

Em paralelo às manifestações, grupos de extrema-direita, incluindo dois importantes ministros do Governo, Itamar Ben Gvir e Bezalel Smotrich, convocaram os seus apoiantes para se mobilizarem em apoio à reforma, também nos arredores do parlamento.

Este apelo suscitou receios de confrontos entre os manifestantes, também devido à presença entre os grupos da ultradireita do movimento extremista "A Família", conhecido pelas suas ações violentas.

Estes grupos estavam a disponibilizar autocarros para facilitar a deslocação para Jerusalém dos seus apoiantes a partir de várias cidades de Israel e de colonatos na Cisjordânia ocupada, onde se concentra a maioria dos votantes dos partidos de extrema-direita que integram a coligação governamental.

Analistas citados pela agência noticiosa EFE sublinharam que os membros da ala direitista do executivo ameaçaram romper com a coligação caso seja interrompido o processo legislativo.