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Embaixador da UE no Sudão atacado na sua residência. O que se está a passar?

O embaixador da União Europeia no Sudão é a mais recente ‘vítima’ do conflito. Na origem está a rivalidade entre os dois generais mais poderosos do país.

Embaixador da UE no Sudão atacado na sua residência. O que se está a passar?
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O embaixador da União Europeia (UE) no Sudão foi atacado na sua residência, revelou esta segunda-feira o chefe diplomático europeu Josep Borrell, numa altura em que Cartum está sob o efeito de violentos combates devido à luta pelo poder entre dois generais.

"Há algumas horas, o embaixador da UE no Sudão foi atacado na sua residência", tweetou Borrell, sem precisar mais pormenores.

Considerando ter havido "uma violação flagrante" da Convenção de Viena, Borrell observou que as autoridades sudanesas tinham a responsabilidade de garantir a segurança das instalações diplomáticas e dos diplomatas no país.

Apesar do incidente com o embaixador da UE, o irlandês Aidan O'Hara, a porta-voz dos serviços diplomáticos da UE, Nabila Massrali, garantiu que a delegação da UE não tinha sido evacuada e reiterou que a segurança do pessoal da delegação "é a prioridade".

No início do dia, Borrell tinha apelado a um cessar-fogo no Sudão "para permitir a mediação", acrescentando que a "UE está a trabalhar para persuadir ambos os lados da necessidade de uma pausa humanitária e para encorajar o diálogo".

Segundo as Nações Unidas, mais de 185 pessoas foram mortas e 1.800 feridas nos últimos três dias de combates violentos.

"A situação é muito fluida. É difícil avaliar em que direção o equilíbrio está a mudar", disse Volker Perthes, chefe da missão da ONU no Sudão, de Cartum.

O que se está a passar no Sudão?

Na origem do conflito que já fez centenas de vítimas está a rivalidade entre os dois generais mais poderosos do país.

Há semanas que o conflito estava a ser preparado entre o chefe do exército, general Abdel Fattah al-Burhane, líder de facto do país, e o seu número dois, o general Mohamed Hamdane Daglo, conhecido como "Hemedti", chefe das Forças de Apoio Rápido (RSF), que juntos expulsaram os civis do poder no golpe de Outubro de 2021.

Três dias de confrontos provocaram já centenas de vítimas, levaram à suspensão da ajuda do Programa Alimentar Mundial e deixaram sem luz nem água os cinco milhões de habitantes da capital sudanesa.

Mohamed Hamdane Daglo, conhecido como Hemedit, é o general beduíno que controla os 100 mil homens das Forças de Apoio Rápido, na origem do atual conflito. A unidade, acusada internacionalmente de genocídio e de de outros crimes de guerra na revolta do Darfur, recusa a integração nas Forças Armadas nos moldes propostos pelo general Abdel Fattah al-Burhan.

Apoiado pelo vizinho Egito, o homem-forte da Junta Militar que governa o país desde a queda do ditador Omar al-Bashir, não fez ainda a transição civil e a democratização prometidas depois de 20 anos de ditadura. A Liga Árabe e o secretário-geral da ONU apelaram já ao diálogo e ao fim da guerra no Sudão.

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