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Confrontos no Sudão: sobe para 97 número de civis mortos

Os chefes da diplomacia dos Estados Unidos e Reino Unido, reunidos no Japão, num encontro do G7, apelaram esta segunda-feira para a cessação imediata da violência no Sudão.

Confrontos no Sudão: sobe para 97 número de civis mortos
Marwan Ali/AP

Pelo menos 97 civis foram mortos e 942 ficaram feridos desde o início dos combates entre o Exército sudanês e grupos paramilitares, avançou esta segunda-feira o sindicato oficial de médicos.

O sindicato referiu a morte de 56 civis no sábado e de 41 no domingo, sendo que cerca de metade terá morrido na capital, Cartum. Quanto aos combatentes, os mortos contam-se "às dezenas", asseguram os médicos.

Imagens de satélite do Aeroporto Internacional de Cartum, no Sudão
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) avançou que "vários dos nove hospitais de Cartum que recebem civis feridos não têm mais sangue, equipamento de transfusão, fluidos intravenosos e outros materiais vitais".

Outras fontes médicas disseram que os doentes e os seus familiares "não têm mais comida nem bebida" e que os pacientes já recuperados não podem sair dos hospitais em segurança, o que cria "um congestionamento que impede todos de serem atendidos".

O grupo referiu ainda cortes de energia nas salas de cirurgia.

Em alguns bairros de Cartum, tanto o fornecimento de eletricidade como o abastecimento de água potável estão completamente cortados desde sábado. As poucas mercearias que permanecem abertas já avisaram que poderão ficar sem alimentos dentro de poucos dias.

O Exército do Sudão garantiu no domingo à noite que a situação era "extremamente estável" e que os combates eram "limitados", enquanto os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) disseram estar "a caminho de uma vitória definitiva".

MOHAMED NURELDIN ABDALLAH

Os paramilitares alegaram terem tomado o aeroporto e entrado no palácio presidencial, algo negado pelas Forças Armadas sudanesas.

Mais de mil pessoas foram retiradas no domingo de centros e instalações em Cartum, através de corredores humanitários na cidade e numa breve pausa de três horas nos combates, disse à agência de notícias Efe um trabalhador do Crescente Vermelho sudanês.

No entanto, as hostilidades não cessaram em áreas distantes dos centros urbanos, tais como perto do quartel-general do Exército, ou nas proximidades do Aeroporto Internacional de Cartum, onde ocorreu uma explosão num depósito de combustível.

No fim de semana, os confrontos entre as duas partes intensificaram-se, tendo como pano de fundo uma luta de poder entre os dois generais que governam o Sudão desde o golpe de Estado de 2021.

Os confrontos começaram na manhã de sábado, dois dias após o Exército ter advertido que o país atravessa uma "conjuntura perigosa" que poderia levar a um conflito armado, na sequência do destacamento de unidades das RSF na capital sudanesa e noutras cidades, sem o consentimento ou a coordenação das Forças Armadas.

EUA e Reino Unido apelam ao fim imediato da violência

Os chefes da diplomacia dos EUA e Reino Unido, reunidos no Japão, num encontro do G7, apelaram esta segunda-feira para a cessação imediata da violência no Sudão.

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"Há uma forte preocupação partilhada sobre os combates, a violência no Sudão, a ameaça que representa para os civis, para a nação sudanesa e até potencialmente para a região", disse o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, após uma reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, James Cleverly.

Pelo menos 97 civis foram mortos no Sudão, onde tiros e explosões continuavam a abalar Cartum hoje de manhã, no terceiro dia de combates entre grupos paramilitares e o Exército do país.

"Pedimos que deem prioridade à paz, que cessem os combates e que retomem as negociações. Isto é o que o povo sudanês quer, isto é o que o povo sudanês merece", acrescentou Blinken.

"Todos os nossos parceiros acreditam firmemente na necessidade de um cessar-fogo imediato e de um reatamento das conversações", referiu.

As conversações "foram muito promissoras, colocando o Sudão no caminho de uma transição plena para um governo liderado por civis", acrescentou o responsável norte-americano desde Karuizawa (centro do Japão), onde se realiza desde domingo uma reunião dos chefes da diplomacia do G7.