Numa população de mais de 84 milhões de pessoas, os cerca de 64 milhões de eleitores, 3,4 milhões dos quais já votaram no estrangeiro até terça-feira, 9 de maio, incluindo em Portugal, escolhem o Presidente para os próximos cinco anos e, em simultâneo, votam para renovar o Parlamento.
As sondagens prevêem uma eleição presidencial renhida, que ambos os campos afirmam poder vencer à primeira volta. Caso contrário, a segunda volta realiza-se a 28 de maio.
Este domingo os turcos têm de escolher, sobretudo, entre o partido islamita e conservador AKP de Recep Tayyip Erdogan e o laico CHP de Kemal Kiliçdaroglu - coligado com outros cinco partidos -, entre uma prática de poder cada vez mais autocrática, marcada pela religião e fanatismo, e a promessa de uma viragem democrática e de regresso a uma relação "pacífica" com o país e com o resto do mundo.
Kemal Kiliçdaroglu: a aposta na conciliação
Kemal é anti-Erdogan e sonha em ser o salvador de uma democracia turca prejudicada por 20 anos de um poder incontestável. Se for eleito, promete por isso romper com a era Erdogan e dar à Turquia liberdade e democracia.
Recep Tayyip Erdogan luta arduamente para se manter no poder
A campanha de Erdogan centra-se nos números: aumento das pensões, rendas da habitação, as faturas de energia) mas também em insultos: nas acusações aos seus rivais de conluio com os "terroristas" do PKK, o partido dos trabalhadores do Curdistão, critica as ligações com o Ocidente e as suas "conspirações", e diz que as suas convicções "pró-LGBT" que querem "destruir a família".
Sondagens e as incertezas dos que votam pela primeira vez
Os 6 milhões de jovens que irão às urnas pela primeira vez só conhecem Erdogan e a sua tendência autocrática, os grandes protestos de 2013 e o golpe de Estado fracassado de 2016, que desencadeou dezenas de milhares de detenções.
“É através de vocês que a primavera chegará”, diz Kiliçdaroglu.
De acordo com uma pesquisa do Metropoll Institute, a maioria dos jovens entre 18 e 24 anos apoia Kiliçdaroglu, mas 30% vão escolher Erdogan.
Outra incógnita: o impacto do poderoso sismo de 6 de fevereiro, que matou mais de 50 mil pessoas e um número ainda desconhecido de desaparecidos no sul do país. Os sobreviventes, que denunciaram a lentidão do socorro, estão hoje dispersos nos países ou refugiados em tendas e contentores.
E há ainda receios sobre as operações eleitorais e "o estado da democracia" na Turquia, alertou o Conselho da Europa, que envia para o país 350 observadores, além dos indicados pelos partidos para as 50 mil assembleias de voto.
A oposição mobilizou 300 mil fiscais e duplicou o número de pessoas habilitadas para fiscalizar a votação.