Mundo

Moldávia quer adesão à UE "para se proteger da ameaça russa"

A Moldávia quer a integração na União Europeia "o mais depressa possível" e espera uma decisão "nos próximos meses", disse a chefe de Estado Maia Sandu.

Moldávia quer adesão à UE "para se proteger da ameaça russa"
ANTON BRINK HANSEN

A República da Moldávia deve integrar a União Europeia (UE) "o mais depressa possível" para se proteger da ameaça russa sendo que espera uma decisão sobre a adesão "nos próximos meses", disse a chefe de Estado Maia Sandu à agência France-Presse.

"Não podemos salvar a nossa democracia sem fazermos parte da União Europeia" disse Maia Sandu a poucos dias de uma cimeira europeia que vai realizar-se em Chisinau.

"A Rússia vai continuar a ser uma grande fonte de instabilidade, nos próximos anos, e nós devemos proteger-nos", acrescentou a Presidente moldava.

A ex-república soviética de 2,6 milhões de habitantes organiza no dia 01 de julho a primeira grande cimeira sobre a questão do alargamento da União Europeia em que participam também os países da Comunidade Política Europeia (CPE).

A Comunidade Política Europeia (CPE) é um novo formato político que reúne chefes de Estado e do Governo de 44 países: da União Europeia e 17 Estados europeus que não fazem parte da UE.

A primeira reunião da CPE decorreu em Praga em 2022 com a participação dos 27 Estados-membros da União Europeia, os seis países dos Balcãs Ocidentais (Albânia, Macedónia do Norte, Kosovo, Sérvia, Bósnia e Herzegovina e Montenegro) e dos três países que pediram recentemente a adesão à UE (Geórgia, Moldova e Ucrânia).

Participaram igualmente a Arménia e o Azerbaijão assim como os quatro países da Associação Europeia do Comércio Livre (Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein), o Reino Unido e a Turquia.

No passado mês de fevereiro, Sandu acusou a Rússia de fomentar um Golpe de Estado na Moldova.

No poder desde 2020, a dirigente do país mais pobre da Europa apelou à realização de uma grande concentração pró-União Europeia destinada a mostrar a vontade dos cidadãos da Moldávia em aderir ao bloco europeu.

"A guerra na Ucrânia definiu as coisas 'em preto e branco': é agora muito claro para todos nós o que significa o mundo livre e o que significa o mundo autoritário", afirmou a chefe de Estado.

Um parte do país, a Transnístria, é controlada "de facto" pela Rússia.

A invasão da Ucrânia desencadeou a probabilidade de adesão, até ao momento improvável, pelo menos a médio prazo.

"Pensamos que (a adesão) é um projeto realista e esperamos que vá acontecer", declarou a Presidente moldava na entrevista à AFP à margem da reunião da União Europeia que se realizou em Reiquiavique, na Islândia.

A chefe de Estado disse que espera uma "decisão sobre o início das negociações nos próximos meses".

Questões para a candidatura da Moldávia à UE

Recentemente, a UE conferiu à Ucrânia o estatuto de candidato oficial mas pediu reformas, sobretudo medidas de combate à corrupção.

Embora a Moldávia, que faz fronteira com a Roménia, membro da UE, seja provavelmente mais fácil de integrar devido à dimensão do país, subsistem muitos obstáculos à entrada na União Europeia sendo que o processo pode vir a prolongar-se pelo menos até à década de 2030.

Além da fragilidade económica e dos problemas de corrupção que persistem, a Moldávia tem também de encontrar uma solução para a secessão da

"Ainda temos coisas a fazer, mas estamos a trabalhar arduamente e este é agora o nosso principal objetivo", insistiu Sandu, cujo país tem vindo a retirar-se da Comunidade de Estados Independentes (CEI), liderada pela Rússia, desde a queda da União Soviética.