Pelo menos 421 pessoas foram detidas e há registo de confrontos em várias cidades. Os distúrbios começaram em Nanterre, mas chegaram entretanto a Paris, com relatos de desacatos e pilhagens, apesar da mobilização de 40 mil polícias.
De todo o país chegam imagens de lojas, edifícios públicos e automóveis incendiados.
Nahel, de 17 anos, terá desrespeitado o controlo durante uma operação de trânsito, que foi captado pelas câmaras de vigilância. De acordo com um vídeo cuja veracidade a agência noticiosa France-Presse disse ter confirmado, um dos polícias apontou a arma ao jovem e disparou à queima-roupa.
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Polícia pede desculpa à família
O presumível autor do disparo, que foi detido e está a ser investigado por homicídio, já pediu desculpa à família do jovem, de acordo com o seu advogado.
"As primeiras palavras que disse foram para pedir desculpas e as últimas palavras que disse foram para pedir desculpas à família", afirmou o advogado Laurent-Franck Liénard, ao canal de televisão francês BFMTV.
"O meu cliente ficou extremamente chocado com a violência deste vídeo (...) que viu pela primeira vez enquanto estava detido", disse o advogado, referindo-se às imagens que mostram o seu cliente a disparar o tiro que causou o morte de Nahel, que se recusou obedecer à ordem de paragem da polícia.
Treze mortes em 2022
O caso reacendeu a controvérsia sobre a atuação da polícia em França, onde se registou um recorde de 13 mortes em 2022 na sequência de recusas de obediência a ordens, e fez aumentar as tensões há muito existentes entre os jovens e a polícia nos bairros sociais e noutros bairros desfavorecidos de França.
A morte gerou uma reação política, especialmente de alguns dirigentes de esquerda, que denunciaram o grande número de mortes às mãos de elementos policiais, que contam com a legítima defesa, principalmente quando o condutor foge a um posto de controlo.
Reações políticas e não só
O Presidente francês, Emmanuel Macron, considerou injustificáveis as "cenas de violência" contra as "instituições da República", referindo-se aos distúrbios.
A morte de Nahel gerou uma reação política, especialmente de alguns dirigentes de esquerda, que denunciaram o grande número de mortes às mãos de elementos policiais.
A estrela da seleção francesa Kylian Mbappé também reagiu, escrevendo numa mensagem, na sua conta no Twitter: "A França magoa-me. Uma situação inaceitável. Estou com a família e parentes de Naël, esse anjinho que se foi cedo demais".
[Informação atualizada às 06:10 com os números mais recentes dos detidos]