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Erdogan vai reunir-se com Biden durante cimeira da NATO

Presidente turco, que se opõe à adesão da Suécia à NATO, irá reunir-se com o homólogo norte-americano. Dois líderes que têm posições divergentes sobre o processo de adesão da Ucrânia à Aliança Atlântica.

Erdogan e Biden na cimeira da NATO de 2022, em Madrid
Erdogan e Biden na cimeira da NATO de 2022, em Madrid

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que se opõe à adesão da Suécia à NATO, vai reunir-se na próxima semana com o homólogo norte-americano, Joe Biden, na cimeira da Aliança Atlântica, anunciou este domingo a Presidência turca.

"Os líderes concordaram em se encontrar pessoalmente em Vilnius [capital da Lituânia] e discutir em detalhes as relações bilaterais entre a Turquia e os Estados Unidos e questões regionais", segundo um comunicado de Ancara.

A presidência turca especifica que Erdogan e Biden falaram hoje por telefone sobre a adesão da Suécia à NATO e a entrega de caças F-16, de fabrico norte-americano, à Turquia.

Vários comentadores têm relacionado uma eventual luz verde turca para a entrada da Suécia na Aliança com a entrega dos F-16 a Ancara.

"Observando que não é correto associar o pedido do F-16 da Turquia à adesão da Suécia, Erdogan agradeceu ao Presidente Biden pelo seu apoio" na solicitação destes caças modernos de combate, acrescenta-se no comunicado de imprensa.

A Turquia e a Hungria são os únicos países que se opõem à adesão da Suécia, apesar das medidas tomadas pelo país escandinavo, incluindo uma reforma da sua Constituição e a adoção de uma nova lei antiterrorista.

Erdogan, que deve encontrar-se na segunda-feira em Vilnius com o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, critica as autoridades suecas pela sua suposta tolerância com os militantes curdos que se refugiaram no seu solo e pede a extradição de dezenas deles, considerando que são membros de uma organização terrorista, uma classificação partilhada pelos Estados Unidos e União Europeia.

"O Presidente Recep Tayyip Erdogan disse que a Suécia deu passos na direção certa ao fazer mudanças na legislação antiterrorismo. Mas os apoiantes da organização terrorista PKK/PYD/YPG continuam a manifestar-se livremente [na Suécia] para elogiar o terrorismo, o que anula as medidas tomadas", disse o comunicado da Presidência turca.

Desde a invasão russa da Ucrânia, em fevereiro do ano passado, as autoridades de Estocolmo e de Helsínquia abandonaram a sua posição de neutralidade e pediram a adesão à NATO, o que já se concretizou, em abril, com a Finlândia, que partilha uma fronteira de cerca de 1.300 quilómetros com a Rússia.

Biden e Erdogan têm, no entanto, posições diversas sobre o processo de adesão da Ucrânia à NATO, um dos assuntos que deve dominar a cimeira de Vílnius.

O processo de adesão à NATO, já a partir de Vílnius, mereceu vários apoios de estados-membros, incluindo Portugal, e, no sábado, foi recebida com alguma surpresa o encorajamento nesse sentido do Presidente da Turquia, que mantém relações próximas coma Rússia e tem servido papéis de mediação no conflito ucraniano.

O Presidente dos Estados, Joe Biden, que chegou este domingo ao Reino Unido antes da cimeira, foi, no entanto, inflexível sobre o assunto.

"Não acho que a Ucrânia esteja pronta para fazer parte da NATO", afirmou em entrevista ao canal americano CNN, destacando que ainda que não há unanimidade entre os aliados sobre as perspetivas de incluir Kiev "em plena guerra".

"Estaríamos em guerra com a Rússia se fosse esse o caso", alertou, apesar do seu anúncio na semana passada do envio de bombas de fragmentação, para suprir a falta de munições de Kiev, outro tema que divide os aliados, na maioria signatários de uma convenção que proíbe o uso deste tipo de armamento, num total de 123 países, onde se inclui Portugal, mas não os Estados Unidos, Rússia e Ucrânia, onde já foi utilizado ao longo do conflito.

A utilização de bombas de fragmentação é muito controversa porque as cargas que espalham podem não explodir imediatamente e causar muitas vítimas civis colaterais a longo prazo.