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Ativista interrompe discurso do líder trabalhista britânico e lança purpurinas

O incidente durou breves momentos, mas bastou para perturbar o discurso do líder trabalhista, considerado importante para mobilizar militantes e convencer os eleitores, num congresso já ensombrado pela violência registada nos últimos dias no Médio Oriente.

Ativista interrompe discurso do líder trabalhista britânico e lança purpurinas
PHIL NOBLE

O líder do Partido Trabalhista britânico, Keir Starmer, prometeu esta segunda-feira uma "década de renovação nacional" no Reino Unido se vencer as próximas eleições legislativas em 2024, num discurso que foi interrompido por um ativista.

A meses das próximas eleições legislativas, previstas para 2024, Starmer afirmou que o 'Labour' (Partido Trabalhista) vai substituir o "declínio interminável dos Conservadores com uma década de renovação nacional" e dar aos britânicos o "governo que merece".

O início do discurso de Keir Starmer, no penúltimo dia do congresso anual do partido a decorrer desde domingo em Liverpool, norte de Inglaterra, foi interrompido por um ativista, que lançou pó brilhante sobre o político e gritou:

"A verdadeira democracia é liderada pelos cidadãos".

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O ativista, um homem de 28 anos, foi retirado do palco por seguranças e posteriormente detido. Sorrindo, Starmer tirou o casaco e declarou:

"Se ele acha que isto me incomoda, ele não me conhece".

Apesar de o Partido Trabalhista beneficiar de uma vantagem confortável de vinte pontos percentuais nas sondagens à frente do Partido Conservador, no poder há 13 anos, a falta de carisma de Starmer é encarado como um ponto fraco.

Eleito líder em 2020, o advogado e antigo diretor da Procuradoria-Geral reorientou o partido para o centro político após o mandato do antecessor Jeremy Corbyn, um socialista defensor da nacionalização de indústrias e infraestruturas essenciais.

A estratégia de Starmer desagrada a alguns membros mais à esquerda do Partido Trabalhista, que querem uma agenda mais arrojada, mas reavivou a esperança de regressar ao governo.

PHIL NOBLE

Desde 2010, o 'Labour' perdeu quatro eleições legislativas consecutivas, a última das quais, em 2019, com o pior resultado desde 1935.

Desde domingo que os líderes trabalhistas têm vindo a divulgar algumas linhas gerais do próximo programa eleitoral, incluindo medidas para reforçar os direitos dos trabalhadores, construir habitações e investir em serviços públicos afetados por anos de austeridade.

Os trabalhistas também tencionam pôr fim ao plano do Governo, ainda bloqueado pelos tribunais, de deportar imigrantes ilegais para o Ruanda, e querem criar uma empresa pública de energia para acelerar a transição climática.

Como desafio, têm pela frente uma economia estagnada, uma inflação elevada e uma dívida pública em valores recorde, ainda a recuperar da pandemia de covid-19 e do impacto do 'Brexit' (processo da saída britânica da União Europeia).

Keir Starmer alertou para "a necessidade de estabilidade" e vincou que "a responsabilidade fiscal não é negociável".

"Tenho de vos avisar: o nosso caminho de regresso será difícil. Mas acreditem nisto: o que está partido pode ser reparado. O que está arruinado pode ser reconstruído", afirmou.

Aos eleitores conservadores que olham "com horror para a deriva" do partido "nas águas turvas do populismo e [teorias da] conspiração, sem argumentos para a transformação económica", Keir Starmer desafiou a votarem no 'Labour'.

"Porquê o Partido Trabalhista? Porque servimos os vossos interesses. Porque vamos fazer crescer cada canto do nosso país. Porque temos um plano", concluiu.