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Israel, Dia 4. Um curto explicador para perceber o que é a Faixa de Gaza

O Hamas controla a Faixa de Gaza desde 2006, quando obteve a maioria nas legislativas. Mas a faixa de Gaza é uma pequena parte do que seria o Estado da Palestina. A maior fatia de território, a Cisjordânia, é controlada pela Fatah, o movimento secular palestiniano que se opõe ao extremismo do Hamas e defende os acordos de Oslo, que teoricamente estabeleceram a paz entre as duas partes.

Israel, Dia 4. Um curto explicador para perceber o que é a Faixa de Gaza
pawel.gaul

O que é a Faixa de Gaza?

É o mais pequeno dos dois territórios palestinianos – o outro é a Cisjordânia -, um estreito enclave de apenas 363 km quadrados, junto ao Mar Mediterrâneo, rodeado a Norte e Leste por Israel e a Sul por uma curta fronteira terrestre com o Egito. Tem uma das mais altas densidades populacionais do mundo e condições de vida terríveis. Não controla as suas fronteiras marítimas e aéreas; a terrestre, idem, com a pequena exceção da passagem para o Egito. Por isso, muitas vezes é considerada “a maior prisão a céu aberto do mundo”, tais as condições de cerco em que a população vive. No entanto, esta situação degradou-se muito com a tomada de poder pelo Hamas, em 2006, um movimento ultrarradical que recusa os Acordos de Oslo e a existência de Israel.

Porque é que é um enclave e um território tão pequeno?

A região de Gaza integrava o Império Otomano até ao fim da I Guerra Mundial. Com o fim do Império ficou sob mandato britânico até que na partição de territórios feita pelas Nações Unidas este ficou entregue à população árabe, neste caso os palestinianos. No entanto, no exato dia em que terminou o mandato britânico, começou a primeira guerra israelo-árabe e a região de Gaza foi tomada pelas tropas egípcias, que defendiam os palestinianos. No fim desse conflito, a região ficou reduzida a uma estreita “faixa” demarcada no armistício.

A Faixa de Gaza já foi governada por Israel?

Sim, várias vezes. Primeiro, na crise do Suez em 1956, acabando por ser devolvida um ano depois ao controlo egípcio. No entanto, em 1967, na Guerra dos Seis Dias, Israel voltou a tomar a faixa de Gaza, o que se prolongou até 1994, altura em que, assinados os Acordos de Oslo – e já depois da primeira Intifada - começou a transferir poderes para a recém-criada Autoridade Palestiniana.

Desde essa altura que o Hamas e a Jihad Islâmica – dois movimentos radicais e violentos – foram contra os acordos com Israel, país que só abandonou o território em 2005. No ano seguinte, o Hamas ganhou as eleições lançando toda a situação num impasse, já que não reconhece os acordos assinados.

Porque é que a Palestina está separada em dois territórios?

Desde 1948, que a partição decidida pelas Nações Unidas dividia os territórios palestinianos em três. Mas sequência do primeiro conflito, o mapa alterou-se, o que não passou de acontecer nas sucessivas guerras, sempre com vantagem para Israel. Teoricamente, os Acordos de Oslo faziam regressar toda a região às fronteiras de 1967, antes da Guerra dos Seis Dias. Mas a situação é muito mais complicada, porque além dos eternos problemas de Gaza, nunca houve um verdadeiro entendimento sobre Jerusalém Oriental, que integra a Cisjordânia e muito menos sobre os colonatos que Israel foi progressivamente no maior território palestiniano.

O Hamas também controla Cisjordânia?

Não, mas provavelmente apenas porque não houve eleições no território. A Autoridade Palestiniana, controlada pela tradicional Fatah – que reconhece os Acordos de Oslo – tem adiado qualquer votação, mas os analistas defendem que a popularidade do Hamas não para de crescer, sobretudo nos mais jovens.