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"Israel tem de lidar a Sul com o Hamas e a Norte com o Hezbollah"

O comentador da SIC Germano Almeida analisa a situação em Israel e na Faixa de Gaza ao quarto dia de guerra declarada, o problema dos reféns que o Hamas mantém e a questão do envolvimento do movimento xiita libanês Hezbollah.

Soldados libaneses na fronteira entre Líbano e Israel.
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O Hamas diz estar disposto a negociar um cessar-fogo com Israel. A declaração foi feita por um alto funcionário do grupo islâmico palestiniano à estação árabe Al Jazeera. No entanto, ao mesmo tempo que fala em negociações, o Hamas ameaça matar um refém por cada ataque israelita.

“Depois do que aconteceu nos últimos três dias, não faz qualquer sentido” que o Hamas esteja disponível para negociações com Israel. “E o Hamas sabe isso perfeitamente, sabe que espera nos próximos dias, semanas, meses, sabe-se lá quanto tempo uma reação muito dura de Israel e sabe também que, para ter que lidar com isso, possivelmente vai ter também que precisar da ajuda de aliados como o Hezbollah ou o próprio Irão ”

Até agora, o Hamas desmente que o Irão tenha estado por trás desta operação, mas também admite que, se eventualmente Israel tente uma espécie de aniquilação da Faixa de Gaza, conta com o apoio de aliados como o Irão, como Hezbollah ou até outros na região.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu diz que esta é uma questão existencial para Israel, que ecoará por gerações.

“A comparação que faz relativamente ao Daesh aponta para aquilo que vimos nos últimos dias: as atrocidades que o Hamas cometeu em Israel e, portanto, para Netanyahu, perante esse tipo de atrocidades, a resposta de Israel perante o Hamas será idêntica à resposta que o Ocidente deu ao Daesh - é preciso eliminá-los”.

Fala-se em negociações, por um lado, mas ao mesmo tempo, ameaça-se matar um refém por cada ataque Israelita.

Um porta-voz das Brigadas Izzedine al-Qassam, o braço armado do Hamas, “lançou essa ideia: por cada ataque que Israel faça sem aviso a Gaza, matava-se um refém, até eventualmente com uma espécie de transmissão em vídeo. Tendo em conta o que vimos nos últimos dias, tem a ver com o tipo de atrocidades que o Hamas fez”.

No entanto, outro tipo de comunicação para fora que o Hamas tem vindo a fazer aponta um pouco para o contrário: refere que, nomeadamente com mulheres e crianças, os reféns estão a ser tratados com humanidade.

“Essa gestão aparentemente contraditória tem muito a ver com um tipo de organização terrorista, como o Hamas, que, ao mesmo tempo, não só pratica e promove o terror, como depois tem um tipo de jogo de alianças”.

Um embaixador da Autoridade Palestiniana deverá partir para a Rússia. Aguarda-se a posição do Kremlin relativamente a este confronto.

“A Autoridade Palestiniana de algum modo foi completamente ultrapassada, ou seja, o Hamas, uma organização terrorista, está a dominar completamente. A Autoridade Palestiniana, que oficialmente governa Gaza, não tem” autoridade.

Israel tem momento neste momento de lidar a Sul a Faixa de Gaza, mas também a Norte.

"Relativamente à parte do Norte de Israel, que é muito importante, houve ataques do Líbano, ataques de rockets no Sul do Líbano para o Norte de Israel, e isso aponta a presença do Hezbollah, que até agora está a ser desmentida.