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Tiros em Bruxelas resultam em dois mortos. Suspeito está em fuga

Bruxelas declarou o nível máximo de terrorismo no país depois do ataque desta segunda-feira, que provocou dois mortos e um ferido. As autoridades estão a pedir à população para se manter em casa e as escolas e creches vão estar fechadas na terça-feira. O suposto autor do ataque ainda não foi capturado.

Tiros em Bruxelas resultam em dois mortos. Suspeito está em fuga
JOHANNA GERON

Duas pessoas de nacionalidade sueca foram mortas a tiros na noite desta segunda-feira em Bruxelas, encontrando-se o suspeito em fuga, informou o Ministério Público da capital belga à agência francesa AFP.

O ataque ocorreu pouco depois das 19 horas perto da Place Sainctelette, no norte da capital belga, antes de um jogo de qualificação para o Euro-2024 entre Bélgica e Suécia, no estádio Roi-Baudouin.

Uma mensagem de vídeo de protesto foi publicada nas redes sociais por um homem “que se apresenta como o agressor e diz que foi inspirado pelo Estado Islâmico”, disse o porta-voz do Ministério Público Federal, Eric Van Duyse.

De acordo com um vídeo publicado no site do jornal Het Laatste Nieuws, o atirador vestia um casaco laranja fluorescente e dirigia uma scooter, tendo-se posto em fuga após usar um rifle automático.

Uma porta-voz da polícia, Ilse Vande Keere, disse que os polícias isolaram a área de imediato, conta a Euronews.

Alerta máximo de terrorismo

O nível de ameaça terrorista foi elevado o máximo, considerado “muito grave” (nível quatro) na noite de segunda-feira na região de Bruxelas.

O slogan, veiculado pela acusação, é “ficar em casa enquanto a ameaça não for erradicada”.

O Ministério Público Federal, responsável pelos casos de terrorismo, foi encarregado da investigação.

Segundo informações iniciais, apenas um indivíduo está a ser procurado pela polícia.

Primeiro-ministro acompanha a situação

O primeiro ministro belga, Alexander De Croo, manifestou-se através da rede social X (antigo Twitter), afirmando que está a acompanhar situação, juntamente com o Ministro da Justiça e dos Assuntos Internos.

“Gostaríamos de pedir aos residentes de Bruxelas que estejam vigilantes” afirmou.

Um porta-voz do Ministério Público belga esclareceu que foi aberta uma investigação do caso.

Questionada sobre as potenciais motivações do ataque, a porta-voz disse que ainda não havia quaisquer indícios.

Jogo suspenso

Conforme noticiado pelos media locais, os jogadores da seleção sueca de futebol anunciaram durante o intervalo do jogo que não queriam continuar a jogar, tendo a partida sido interrompida, avançou o jornal espanhol Marca.

"Estou muito triste. Concordamos a 100% em não jogar o segundo tempo, devido às condições e por respeito às vítimas e seus familiares", explicou o técnico da equipa sueca.

Na página da rede social X (antigo Twitter) da seleção masculina lê-se “Devido aos incidentes em Bruxelas no início desta noite, o jogo está suspenso. O nosso pensamento estão com todos os afetados”.

Por questões de segurança os 35 mil adeptos presentes tiveram de permanecer no estádio, tendo a evacuação começado lentamente pouco antes das 23 horas (hora de Lisboa).

“Os fãs que estão no Estádio Rei Balduíno devem permanecer no estádio”, foi pedido aos adeptos através do sistema de altifalantes do estádio.

Centro Nacional de Crise reúne-se

O Centro de Crise Nacional da Bélgica reúne-se esta segunda-feira.

"Posso confirmar que houve um tiroteio ao início da noite e que pelo menos duas pessoas morreram. Informámos todos os nossos parceiros para saber que consequências pode haver", disse à Lusa o porta-voz do Centro de Crise Nacional da Bélgica, Yves Stevens.

O Centro de Crise Nacional da Bélgica vai fazer uma comunicação sobre o sucedido ainda durante a noite, referiu Yves Stevens.

Um vídeo aparentemente do momento do crime, difundido pelas redes sociais, mostra uma pessoa com uma arma de fogo a disparar no meio de uma rua no bairro de Molenbeek. Enquanto as pessoas que estão na rua fogem, o atirador entra num edifício e pelo menos três tiros são audíveis.

Marcelo Rebelo de Sousa na Bélgica

O Presidente da República, que se encontra esta segunda-feira em Bruxelas para uma visita de Estado, considera prematuro ligar o ataque a tiro que aconteceu esta segunda-feira nesta cidade à situação no Médio Oriente.

Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas num hotel de Bruxelas, depois de cancelar uma ida a um bar português para assistir ao jogo de futebol da seleção portuguesa de futebol, por indicação das autoridades belgas, na sequência desse ataque em que morreram duas pessoas.

Segundo o chefe de Estado, "é prematuro nesta altura estabelecer uma ligação entre isso e aquilo que está a acontecer no Médio Oriente".

Em relação ao programa da sua visita de Estado à Bélgica, que decorrerá entre terça e quinta-feira, adiantou: "Vamos seguir, em princípio, todo o programa que estava previsto".

O Presidente da República contou que tinha saído de um jantar privado oferecido pelos reis dos belgas, Philippe e Mathilde, quando teve conhecimento de que "havia uma situação que coincidia com o jogo que está a realizar-se em Bruxelas, entre a Bélgica e a Suécia, em que houve a morte violenta de dois suecos".

"As autoridades competentes entenderam que eu deveria seguir diretamente aqui para o hotel e eu, naturalmente, respeitei. Quando se trata de segurança num país estrangeiro o chefe de Estado visitante não se pode permitir entrar em colisão com as indicações de segurança", declarou.

Interrogado se este ataque em Bruxelas poderá estar ligado à situação no Médio Oriente, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que se deve "separar as duas coisas", reiterando, em nome de Portugal "a condenação muito frontal do ataque terrorista" do Hamas contra Israel de 07 de outubro e "a preocupação com as vítimas dos dois lados".

Reações ao tiroteio

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse esta segunda-feira na rede social X (antigo Twitter) que "o coração da Europa foi atingido pela violência", depois de duas pessoas morrerem baleadas ao início da noite em Bruxelas.

Charles Michel manifestou o seu apoio "às autoridades belgas e aos serviços de segurança que estão a monitorizar a situação".

Também a presidente da Comissão Europeia manifestou pesar pela morte de duas pessoas na sequência de um "desprezível ataque" em Bruxelas e apelou à polícia belga para que "detenha rapidamente" o suspeito.

"Hoje à noite os meus pensamentos estão com as famílias das duas vítimas de um ataque desprezível em Bruxelas. Envio também o meu apoio sincero à polícia belga, para que detenha rapidamente o suspeito. Juntos, vamos estar unidos contra o terror", escreveu Ursula von der Leyen na rede social X (antigo Twitter).

Macron equaciona terrorista islâmico

O Presidente francês, Emmanuel Macron, expressou solidariedade ao primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, e disse que a Europa está “abalada” após o “ataque terrorista islâmico”.

"Acabo de falar com o primeiro-ministro Alexander De Croo para expressar a solidariedade dos franceses neste momento terrível que Bruxelas atravessa. Estamos a pensar nas vítimas deste ataque cobarde, bem como nos nossos amigos belgas e suecos com quem partilhamos o choque", declarou Emmanuel Macron numa mensagem publicada na rede social X.

Quem é o suspeito?

Chama-se Abdesalem Lassoued, tem 45 anos e é um imigrante ilegal de origem tunisiana. Num vídeo em árabe, segundo o jornal L’avenir, o suspeito diz fazer parte do Estado Islâmico e gaba-se de ter vingado o povo islâmico ao matar três suecos".