A jornalista Clara Ferreira Alves chegou esta sexta-feira a Telavive para reportar o que se passa em Israel, onde esclarece que é preciso ter cuidado com o que se diz e transmite. A comentadora da SIC também relembrou a resiliência judaica que tem marcado durante todas as décadas de conflito e esclarece que a geração mais nova israelita não quer mais guerra.
Ao fim da tarde desta sexta-feira, o Hamas - confirmado por Israel - anunciou que libertou duas reféns norte-americanas e, para Clara Ferreira Alves, Hamas pretende mudar de estratégia do ponto de vista operacional.
“Ouvi dizer que o Hamas está a tentar mudar a atitude para passar de comando de assassinos para um corpo militar organizado e que estaria disposto a negociar. Israel está numa situação complexa, com a pressão diplomática”, explica a jornalista.
O cenário em Telavive, como relata Ferreira Alves, é pesado, tendo em conta todas as famílias que desejam o regresso dos reféns do Hamas, sendo que se vê “fotografias em todo o lado, caras, objetos recuperados dos lugares atacados”.
Segundo Clara Ferreira Alves, a principal preocupação para os israelitas, neste momento, é o regresso de todos a casa.
Da mesma forma, a jornalista confirmou que existe um grande sentimento patriótico, neste momento, na cidade, mas que muitos jovens estão preocupados com o futuro.
“Senti que havia preocupação que a ofensiva terrestre, que toda a gente está à espera, que trará para o futuro um país sempre em guerra, os jovens dizem que não podem continuar permanentemente em guerra, que estão fartos”, diz a comentadora da SIC.
Por último, existe uma resiliência no povo israelita, aos olhos de Clara Ferreira Alves, sendo que os Kibbutz que foram atacados pelo Hamas há dias estão a ser recuperados. Nisso, a jornalista recorda uma história de quando estava destacada em Telavive e houve um atentado num bar junto à embaixada norte-americana.
“É o modus operandi israelita, passei na marginal que era um lugar muito vivo em tempos de paz, e havia ali um bar e houve lá um ataque terrorista e esse ataque matou mais de 30 pessoas. No dia seguinte, estavam novamente os sobreviventes que levaram as guitarras e começaram a cantar como se nada fosse”, relata.
Derrotar o Hamas parece ser a prioridade do governo de Israel, mas Clara Ferreira Alves relembra que o terrorismo é orgânico.
“Derrotar o Hamas é mais fácil do que derrotar a ideia do Hamas, o que sabemos dos movimentos terroristas são orgânicos, da Al Qaeda acabou por sair o Daesh que era ainda mais brutal e cruel”, conclui.