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Soldado que entrou ilegalmente na Coreia do Norte é acusado de deserção

Depois de ter sido deportado para os Estados Unidos, Travis King é acusado de violar o código legal das forças armadas ao cometer ofensas que incluem deserção, agressão, insubordinação, tentativa de solicitar fotografias sexuais de um menor, entre outras.

Soldado que entrou ilegalmente na Coreia do Norte é acusado de deserção
Ahn Young-joon

O exército dos Estados Unidos acusou o soldado norte-americano Travis King, que atravessou ilegalmente a fronteira da Coreia do Norte, em julho, e foi depois detido e deportado para os EUA, de vários crimes, incluindo deserção.

De acordo com os documentos de acusação obtidos pelo jornal Washington Post, King foi acusado de violar o código legal das forças armadas norte-americanas ao cometer ofensas que incluem deserção, agressão, desobediência a um oficial superior, insubordinação, prestação de falsas declarações e tentativa de solicitar fotografias sexuais de um menor.

A Casa Branca declarou, a 27 de setembro, que o soldado de 23 anos se encontrava sob custódia dos EUA, depois de ter sido deportado da Coreia do Norte, país onde tinha entrado irregularmente através da fronteira com a Coreia do Sul, em julho.

King atravessou a Linha de Demarcação Militar em 18 de julho e entrou em território norte-coreano sem autorização, quando se encontrava numa visita turística à fronteira intercoreana.

O soldado, que prestava serviço na Coreia do Sul, devia ser repatriado para os EUA como medida disciplinar devido aos problemas com a Justiça sul-coreana, mas fugiu para a Coreia do Norte onde, de acordo com Pyongyang, pediu asilo.

O regime de Kim Jong-un anunciou a deportação em setembro, após a conclusão de uma investigação sobre o caso, mas não foram divulgados mais pormenores.

Durante a investigação, Travis King confessou ter entrado ilegalmente na Coreia do Norte "porque nutria ressentimento contra os maus tratos, desumanos, e a discriminação racial no seio das forças armadas norte-americanas", indicou a agência estatal norte-coreana KCNA.

Foi necessário um mês para que Pyongyang confirmasse publicamente a detenção de King, e os EUA admitiram dificuldades em contactar o Governo norte-coreano, com o qual não têm relações diplomáticas.

Antes de fugir para a Coreia do Norte, King tinha passado 48 dias numa prisão sul-coreana por não ter pagado uma multa imposta em fevereiro devido a um incidente com a polícia em Seul.

O soldado devia ter regressado aos EUA, mas fugiu do aeroporto de Seul, informou o Pentágono, na sequência do incidente.

Os documentos de acusação, noticiou o Washington Post, afirmam que King deixou o quartel na Coreia do Sul sem autorização no outono de 2022 e consumiu álcool, contra as regras, tendo ainda pontapeado na cabeça um sargento durante um incidente em outubro do mesmo ano e solicitado fotografias sexuais de um menor através da aplicação de mensagens Snapchat.