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Gaza: "Nas próximas horas podemos assistir ao colapso total dos hospitais"

Jorge Moreira da Silva compreende o choque de António Guterres à reação internacional às suas declarações, que têm sido coerentes. No entanto, alerta para que se foque no essencial, que é a entrada de combustível em Gaza para não agravar ainda mais uma crise humanitária em larga escala.

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Jorge Moreira da Silva, sub-secretário-geral da ONU, considera que António Guterres não alterou o seu discurso desde o início do conflito a 7 de outubro entre Israel e o Hamas e entende o seu choque com as reações. Para além disso, o ex-candidato à presidência do PSD frisou que o tempo se está a esgotar e que a prioridade é fornecer combustível para os hospitais em Gaza.

Numa curta afirmação a justificar as declarações feitas no Conselho de Segurança da ONU, António Guterres salientou ser "falso" justificar “atos terroristas”, como já acusaram os israelitas. Para Jorge Moreira da Silva, líder da UNOPS, o discurso do secretário-geral tem sido coerente.

“O secretário-geral das Nações Unidas reiterou que o ataque do Hamas é inaceitável, hediondo, horrendo e não tem perdão, mas não pode servir de justificação que os palestinianos sejam punidos. Nas ultimas duas semanas e meia, temos verificado uma destruição em larga escala de infraestruturas civis e ataque a viabilidade de vida de civis inocentes”, frisa Moreira da Silva, que vai de acordo com Guterres.

Para além disso, o líder da UNOPS relembra que mais de seis mil pessoas morreram, das quais duas mil eram crianças, não há água, energia, alimentos e medicamentos em Gaza, o que, para Moreira da Silva, significa que estamos perante uma crise humanitária “de larga escala”.

Não há dúvida para Jorge Moreira da Silva, o discurso tem sido o mesmo desde o dia 7 de outubro.

Percebo o seu choque porque desde o primeiro dia foi claro na critica do ataque do Hamas, mas tem vindo a chamar a atenção par ao impacto negativo para as pessoas da Faixa de Gaza”, explica.

O impacto humanitário

Para o sub secretário-geral da ONU, é importante não se perder o rumo no essencial, tendo em conta que nas “próximas horas podemos assistir a um colapso total dos hospitais”, afirmando que os colegas que estão no terreno têm feito relatos nesse sentido.

“Eu sei bem do que estamos a falar, a UNOPS fazia entrar todos os dias os combustíveis necessários em Gaza para produzir eletricidade e produção de água, neste momento isso deixou de entrar”, esclarece, acrescentando que a sua própria agência faz "verificação para garantir que a ajuda chega às mãos dos civis".