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Entrevista SIC Notícias

Cimeira de paz para o Médio Oriente é "pôr o carro à frente dos bois"

O Presidente do Conselho Europeu anunciou que em breve será organizada uma cimeira para a paz no Médio Oriente. Um anúncio que Joana Ricarte considera prematuro dado que "todo o processo de paz é construído em etapas e a primeira é sempre o cessar-fogo".

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A União Europeia (UE) vai organizar uma cimeira para a paz no Médio Oriente "a realizar-se em breve", anunciou esta quinta-feira o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, no final do primeiro dia de cimeira. Joana Ricarte, especialista em Relações Internacionais, explica que "é muito complicado iniciar um processo de discussão entre elites sem que a população civil esteja numa situação de segurança".

Em conferência de imprensa conjunta em Bruxelas com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, Charles Michel afirmou: "Conversámos muito sobre o nosso compromisso de uma solução de dois Estados. Durante a reunião decidimos acordar o desejo europeu de organizar uma conferência europeia da paz, a realizar-se em breve, queremos reafirmar a nossa unidade para enviar uma mensagem aos nossos cidadãos e ao resto do mundo, baseada nos nossos valores, nos tratados e valores fundamentais", disse Charles Michel,

Joana Ricarte considera que "é muito inabitual que se comece a discutir acordos de paz antes de haver um cessar-fogo, geralmente todo o processo de paz a construído em etapas e a primeira etapa é sempre primeiro cessar-fogo".

Em entrevista na SIC Notícias, a especialista em Relações Internacionais, com o foco em estudos da paz e resolução de conflitos diz que "é muito complicado iniciar um processo de discussão entre elites sem que a população civil esteja numa situação de segurança".

“Há toda uma questão de ressentimentos e de trauma. Tanto com as famílias israelitas que ainda estão à espera do retorno das pessoas que foram tomadas como reféns, como das pessoas que residem na Faixa de Gaza, que têm passado por bombardeamentos constantes”.

"Obviamente que há aqui um colocar do carro à frente dos bois, por assim dizer, ao começar a falar numa cimeira de paz", refere e sublinha que a questão central é saber com quem se iria realizada essa cimeira da paz.

"Quem é o ator palestiniano que faz parte de uma cimeira de paz nesse momento, quem é que a União Europeia vê como líderes ou responsáveis importantes para estar presentes nesta cimeira?"

Quem são os atores, porque o Hamas não é de certeza. O Hamas é uma organização terrorista, não é um grupo político com quem a União Europeia e os Estados Unidos queiram entrarem em negociações”, realça Joana Ricarte.